Sacerdote jesuíta egípcio: fanatismo não é verdadeiro Islã
Cairo (RV) - "Num momento em que a liberdade, dignidade, igualdade e democracia
parecem metas distantes, os cristãos perdem novamente a esperança" – disse o sacerdote
jesuíta Pe. Samir Khalil Samir, professor de Teologia e Islamologia no Pontifício
Instituto Oriental, em Roma, sobre a tragédia dos cristãos coptas no domingo passado,
no Cairo, capital do Egito.
Numa entrevista à fundação "Ajuda à Igreja que
Sofre", o jesuíta sublinhou como os grupos fundamentalistas, sobretudo os do Salafismo,
aproveitam a falta do poder governamental para conquistar com o uso da força seus
fins políticos.
"Os seguidores locais do Salafismo são mais radicais do que
os Irmãos Muçulmanos e nos últimos meses perpetraram violência contra cristãos e muçulmanos
moderados. A violência de domingo passado foi terrível e entristeceu-me que o termo
mártir tenha sido usado somente para os militares mortos e não para os numerosos coptas
que também morreram" – frisou Pe. Samir.
"Espero que as vítimas não tenham
morrido em vão e que as pessoas lutem contra um modelo inaceitável de sociedade" –
disse ainda o sacerdote jesuíta. O religioso está otimista com as eleições de novembro
próximo, mas reconhece que serão necessários vários anos para que os egípcios aprendam
a democracia e a liberdade religiosa. "O fanatismo islâmico não é o verdadeiro Islã.
Rezemos para que o sangue dos inocentes seja semente de justiça" – concluiu Pe. Samir
(MJ)