Mauritânia: 20% da população é submetida a regimes de trabalho similares à escravidão
Bissau (RV) – Relatório da International Trade Unions Confederation (Ituc)
– que é a maior confederação sindical do mundo – mostra a existência de trabalho escravo
infantil na Guiné Bissau e na Mauritânia. Embora ambos os países tenham leis que protegem
as crianças desse crime, os fatos mostram que isso não tem sido um impeditivo para
que adultos explorem o trabalho infantil.
Na Mauritânia, por exemplo, a lei
proíbe o trabalho a menores de 14 anos. Contudo, muitas crianças são mandadas ao trabalho
muito cedo, grande parte das vezes em condições de escravidão. Os mais novos e as
meninas, geralmente, são empregados no trabalho doméstico, com um regime de 10 horas
por dia, enquanto os meninos são mandados às ruas para pedir esmolas, trabalharem
na construção civil, nos ônibus ou em grupos criminosos. Nas zonas rurais, são mandados
aos campos para trabalhos pesados ou com os animais, onde permanecem 16 horas todos
os dias. Ficam expostos a diversas formas de violência, além do trabalho escravo.
Outra pesquisa da Ong Sos Slavery, datada de 2009, mostra que um quinto
da população mauritana é submetida a diversas formas de regimes de trabalho similares
à escravidão.
Na Guiné Bissau, a lei proíbe o trabalho aos menores de 16.
Na prática, muitos são explorados em fazendas, na mineração e no setor da pesca. Segundo
a Ituc, algumas crianças começam nas minas já com cinco anos de idade, por 16 horas
diárias, todos os dias da semana.
Outro problema é o sequestro de crianças
para depois serem levadas às ruas para mendigar ou atuar em grupos criminosos.
O
problema econômico em muitos dos países da África ocidental tornou-se uma questão
social e cultural, pois passou-se a considerar o trabalho infantil nas fazendas como
um modo de formar o futuro adulto e garantir-lhe emprego. Muitas famílias, na Guiné
Bissau, acreditam que mandar os filhos ao trabalho doméstico seja bom para o seu crescimento.
Além do fato de que muitas crianças trabalham para pagar a sua educação religiosa.
(ED)