Entregou as rédeas do país ao seu sucessor, Jorge Carlos Fonseca, a 9 de Setembro
passado, depois de dois mandatos presidenciais de cinco anos. Mas o seu empenho político
vem dos tempos da luta de libertação de Capo Verde e da Guiné-Bissau do colonialismo
português. Militar, estratega político, negociador, bom governante, nos seus 50 anos
de vida política, Pedro Pires dedicou-se com lealdade à causa da paz e do desenvolvimento
de Cabo Verde e de toda a África. E promete levar avante o empenho por uma África
pacífica e moderna. Não ficou no poder nem sequer um dia a mais do que o previsto
pela Constituição. O que agradou à Fundação Mo Ibrahim que, depois de dois anos sem
atribuir o prémio por falta de candidato idóneo, decidiu que este ano podia dá-lo
a Pedro Pires. O prémio pretende pôr em relevo a excelência da liderança africana,
o bom governo. E é atribuído a um ex-Chefe de Estado ou de Governo que tenha sido
eleito democraticamente, tenha respeitado o limite do mandato estabelecido pela Constituição
e tenha cessado as funções nos últimos três anos. Pedro Pires merece plenamente
o prémio, afirmam as diversas pessoas que interpelamos para falar do assunto: desde
o Embaixador de Cabo Verde em Roma, José Eduardo Barbosa, ao jurista guineense, Joãozinho
Vieira Có, que o considera um exemplo para a Guiné-Bissau, aos imigrantes cabo-verdianos
em Itália, João Câncio (da oposição) e Maria do Céu Araújo, sem deixar de lado o missionário
capuchinho, P. Ottavio Fasano, que se comove ao falar da espiritualidade de Pedro
Pires e quer que seja ele o orador no seu funeral. Enfim, um premio que, segundo Albert
Mianzoukouta da Rádio Vaticano, traz ao de cima aquela África positiva de que pouco
se fala…. Ouça a emissão em italiano…