Cairo, 11 out (RV) - Milhares de pessoas participaram nesta terça-feira no
Cairo, no Egito, do funeral de 17 manifestantes mortos na manifestação reprimida violentamente
no domingo. A violência eclodiu quando um grupo de cristãos coptas se dirigia
à sede da televisão para protestar contra a demolição, no final de setembro, de uma
igreja na província de Aswan, no sul do Egito. Pelo menos 24 pessoas foram mortas
e cerca de 200 ficaram feridas
Os 17 caixões foram carregados do Hospital copta,
no centro da capital, até a catedral copta do Cairo, situada no distrito de Abbassiya.
As
cenas do confronto preocuparam a comunidade internacional. A União Européia condenou
a violência e pediu a realização imediata das eleições. Também expoentes da Igreja
se pronunciaram. O Prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais, Card. Leonardo
Sandri disse se tratar de um fato "desolador, triste e angustiante".
O Cardeal
fez votos de que esta primavera árabe seja verdadeiramente o prelúdio de uma paz desejada
por todos, de democracia e de respeito da dignidade da pessoa humana, "para que se
possa construir, neste grande país que é o Egito, uma sociedade na qual se possa viver
em paz, com a esperança de um futuro seguro para todos".
Por sua vez, o Patriarca
de Alexandria dos Coptas Católicos, Cardeal Antonios Naguib, expressou sua preocupação
e, ao mesmo tempo, a esperança de edificar um Egito baseado sobre os direitos civis
e a igualdade, sem nenhuma discriminação, principalmente religiosa. "Mais do que a
pertença religiosa, é o programa político que importa, declarou o Patriarca ao Serviço
de Informação Religiosa.
Já o diretor nacional das Pontifícias Obras Missionárias
(POM) no Egito, Padre Nabil Fayez Antoun, condenou a violência dos militares ao reprimir
uma manifestação pacífica: "São cenas que lembram aquelas ocorridas no início da revolução
egípcia em janeiro último", disse à Agência Fides.
"Também os meios de comunicação
divulgaram notícias descrevendo os cristãos como aqueles que agrediam os militares.
Por este motivo, grupos de muçulmanos saíram pelas ruas e atacaram os cristãos que
estavam reunidos diante do hospital onde estavam internados os feridos e onde estavam
os corpos das pessoas mortas durante os conflitos", afirmou o diretor nacional das
POM.
Segundo ele, a tensão nasce da lentidão para enfrentar os problemas e
para se iniciar o julgamento dos crimes cometidos pelo antigo regime. "A aproximação
das eleições do dia 28 de novembro próximo contribui para inflar os ânimos", acrescentou.
O
grande imã, Ahmed al-Tayyeb, reitor da Universidade islâmica de al-Azhar e máxima
autoridade da maioria muçulmana do Egito, solicitou encontros urgentes com os membros
da chamada "Família egípcia", com o objetivo de conter a crise. O imã também contatou
Papa Shenouda III, a máxima autoridade da Igreja Ortodoxa copta e Patriarca de Alexandria.
(BF)