Rio de Janeiro, 08 out (RV) - Neste final de semana, a Palavra de Deus nos
convida a refletir sobre a nossa aceitação de fazer parte do “banquete” da parábola
que Jesus conta, comparando o Reino dos Céus com a história do rei que preparou a
festa de casamento do seu filho. Também ecoará em nossos ouvidos o texto de Isaias,
que anuncia que “o Senhor dará um banquete para todos os povos e eliminará a morte
e enxugará as lágrimas de todas as faces”.
Jesus conta a parábola das bodas:
um convite à alegria e à vida de Deus, que é o amor e, portanto, comunhão. Porém,
a constatação é que os destinatários do convite o rejeitam, para caminhar em destinos
diferentes dos estabelecidos por Deus, cada um dando sua desculpa. No entanto, nem
por isso o banquete vai ser cancelado, ele estará sempre lá para celebrar o matrimônio
místico, destinado a durar para sempre, entre o homem que ouve o convite à salvação
e seu Criador.
E, depois, diz a parábola, o rei ordena aos seus servos para
irem a cada esquina e rua da cidade para chamar para a festa quem quer que eles encontrem:
"Ide agora até as encruzilhadas dos caminhos e convidai todos que encontrardes para
as núpcias".
Cristo nos diz que Deus deu ao povo escolhido, como primeiro destinatário,
o dom da comunhão e da salvação através do envio do Filho, Jesus de Nazaré, que eles
ignoraram, rejeitaram e condenaram, e, desde então, essa mesma salvação é oferecida,
novamente, para todos os outros homens, seja qual for sua cultura e condição social
a que pertencem: sejam eles ricos ou pobres, em especial os últimos, os marginalizados,
porque ninguém é excluído do amor de Deus, a não ser que eles mesmos rejeitem esse
amor.
É o que lemos no final da parábola, quando dizemos que a sala estava
cheia para a presença de todos aqueles que aceitaram o convite, mas entre eles havia
um desprovido da "veste nupcial" ou traje de festa, condição essencial para tomar
parte no banquete.
Este é um simbolismo claro, demonstrando que seria o sinal
de uma disposição interior para a comunhão com Deus – aceitando fazer parte do Reino.
Vivemos
em um mundo dividido, onde existem disputas, maldades, violências, rancores, vinganças,
corrupção, falsidades, incoerências, omissões que tornam infeliz o relacionamento
humano e a própria pessoa. Porém, nada é impossível para Deus! Eis que Ele neste domingo
exorta, em seu diálogo conosco, propondo-nos "um banquete de comida farta para todos
os povos". Ele vai rasgar o véu que cobre o nosso rosto e que não nos permite ver
e trazer para a realidade prática a verdadeira comunhão. Ele enxugará as nossas lágrimas
e fará desaparecer a condição de desgraça do seu povo. Podemos, portanto, também nós,
explodir na alegria mais plena e intensa: "Eis o nosso Deus; nele esperamos para que
nos salvasse; este é o Senhor em que esperamos: alegremo-nos, exultamos pela sua salvação.
Porque a mão do Senhor repousará nesta montanha”.
São Paulo, na segunda leitura
deste domingo, exulta porque seus irmãos tomaram parte em suas dificuldades para obter
um sinal concreto do seu amor e lhes promete uma recompensa não humana. "Meu Deus,
por sua vez, suprirá todas as vossas necessidades, de acordo com suas riquezas com
magnificência em Cristo Jesus. Ao Deus e Pai nosso seja dada glória para todo o sempre.
Amém".
O convite do Evangelho para o banquete é de natureza escatológica,
isto é, sobre o fim dos tempos. Retratam as núpcias no reino de Deus e o objetivo
final, com o prêmio que nos espera. Ainda temos desculpas para não participar das
núpcias? Os assuntos do mundo ainda têm de prevalecer sobre as coisas de Deus? Ou
esperamos entrar sem a veste nupcial? Cada um de nós é chamado a dar a sua resposta
com o coração aberto para a experiência de acolher o convite que a todos nós é dirigido.
E aí iremos “nos alegrar e exultar por nos ter salvo”, e sermos contados entre aqueles
que, além de chamados, também foram os escolhidos.
Na semana que se inicia,
ao celebrar a Virgem de Nazaré no domingo, Padroeira da Amazônia; e no dia 12, ao
celebrarmos a Virgem Aparecida, Padroeira do Brasil, vamos comemorar solenemente os
80 anos da inauguração do monumento ao Cristo Redentor, no Corcovado, que com seus
braços abertos nos abraça e abençoa e é um sinal de fé do nosso país e de nossa gente
a sinalizar para todos em quem nós cremos e colocamos nossa esperança: Jesus Cristo,
nosso Senhor!
A vida e os seus ritmos frenéticos às vezes se tornam conspirações
contra nós e nos distraem dos verdadeiros bens, iludindo-nos com a transitoriedade
dos bens do tempo presente. O convite para o “banquete” e para estarmos com o traje
da festa continuará sempre ecoando para todos os que veem este sinal no alto do monte.
O Cristo que nos acolhe, do Corcovado, nos conclama a buscar os bens eternos e não
nos iludir com o ter, o poder, o prazer e a glória transitória do mundo. Busquemos
o fundamental e deixemos Cristo ser o Redentor de nossas vidas!
† Orani João
Tempesta, O. Cist.Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ