Buenos Aires, 28 set (RV) – Quem tem autoridade e poder pode utilizá-los para
satisfazer o próprio ego, também contra o bem do outro, ou de maneira positiva, ajudando
o próximo necessitado e comprometendo-se na construção do bem comum. É o que defende
o Bispo de San Isidro e Presidente da Comissão da Pastoral Social da Conferência Episcopal
Argentina, Dom Alcides Jorge Pedro Casaretto, dirigindo-se aos líderes políticos,
sindicais, grupos juvenis de atuação social, movimentos e associações eclesiais, por
ocasião da XI Assembleia nacional, que se realizou na estruturas do Santuário de Nossa
Senhora de Lujan. O encontro ocorreu durante o evento de formação e reflexão, inserido
no programa pelo Bi-centenário da Argentina na justiça e na solidariedade 2010-2016.
Dom Casaretto – informa o jornal vaticano L’Osservatore Romano – apresentou
pontos de reflexão sobr e o delicado tema da “participação política voltada à transformação
social, ao bem das pessoas e da sociedade”. O prelado sublinhou o risco, infelizmente
muito comum, de uma ação política e social que cada vez mais vai caindo na mediocridade
e se apresenta incapaz de enfrentar os reais problemas das pessoas, colocando-se não
ao serviço do bem comum, mas de interesses pessoais e corporativos. A gestão do poder
político é a dedicação ao bem comum, que é “o bem de todos e de cada um”, num contexto
em que “somos todos responsáveis por todos”, como apontava João Paulo II na encíclica
“Sollicitudo rei socialis”.
À luz destes princípios – destacou Dom Casaretto
– o compromisso pela ética pública é inseparável do compromisso ético na vida pessoas;
isto é deve-se rejeitar a lógica da máscara, que una “vícios particulares e virtudes
públicas”. A credibilidade do político deve ser medida a partir de sua efetiva fidelidade
aos valores proclamados (primeiros entre eles a defesa da vida, a família, a educação).
Os políticos são estão ao serviço do poder alcançado por este ou aquele partido que
venceu as eleições, mas do povo. Eles, portanto, devem estar perto das pessoas, ouvir
os problemas, ser voz das instâncias de justiça e dos deveres da caridade.
A
dialética política – exortou o prelado – deve sempre estar subordinada à busca das
convergências possíveis para “trabalhar juntos ao serviço do bem comum”. Por este
motivo, são exigidos a co-responsabilidade e o diálogo mais que as contraposições
inspiradas a interesses pessoais ou de grupo. E ainda, é indispensável aceitar a escala
necessária para se alcançar as metas. A lógica populista do “tudo e agora” muitas
vezes motivou promessas não mantidas.
Para o Bispo deve ser considerado como
objetivo do próprio serviço político também o bem dos adversários políticos, que não
são “inimigos a serem eliminados, mas garantia de confronto crítico para um melhor
discernimento dos próprios caminhos a fim de se chegar ao bem comum”. É necessário
atuar para entrar nesta lógica. Compete à Igreja não indicar estratégias técnicas
para resolver os problemas das pessoas, mas a formação das consciências, “a formulação
de uma ética de compromisso político que, inspirando-se no Evangelho, não pode não
se aliar aos mais pobres e aos que não tem voz”. Compete aos católicos – concluiu
Dom Casaretto – arregaçar as mangas, evitando se refugiar num deletério intimismo
de fé para “unir a celebração com a vida, a ação com a contemplação, o compromisso
eclesial com aquele político”. (SP)