PAPA CELEBRA MISSA EM ERFURT: "A FÉ É SEMPRE UM ACREDITAR JUNTO COM OS OUTROS"
Erfurt, 24 set (RV) – Continua a viagem Apostólica de Bento XVI à Alemanha,
que tem como lema "Onde estiver Deus, há futuro." É a sua 21ª viagem apostólica internacional
e a terceira à Alemanha, sua terra natal.
Na manhã deste sábado o Santo Padre
celebrou a Santa Missa na Praça da Catedral de Erfurt com a presença de 50 mil fiéis.
No
início de suas palavras o Papa citou o trecho do Evangelho de hoje “Louvai o Senhor
em todo o tempo, porque Ele é bom”. Sim, - disse - temos verdadeiramente motivos para
agradecer a Deus com todo o coração. Nesta cidade, se recuarmos com o pensamento até
1981, o ano jubilar de Santa Isabel, há trinta anos – eram os tempos da República
Democrática Alemã –, quem teria imaginado que o muro e o arame farpado nas fronteiras
cairiam poucos anos depois? E, se recuarmos ainda mais – cerca de setenta anos – até
1941, até ao tempo do nacional-socialismo, quem seria capaz de predizer que o chamado
«Reich milenário» ficaria reduzido a cinzas apenas quatro anos mais tarde?
Bento
XVI recordou ainda que a Turíngia, na República Democrática Alemã teve de suportar
uma ditadura «pardacenta» [nazista] e uma «vermelha» [comunista], cujo efeito sobre
a fé era parecido com o que tem a chuva ácida. Desse tempo, há ainda muitas consequências
tardias a debelar, sobretudo no âmbito intelectual e religioso!
Todos nós estamos
convencidos de que a nova liberdade ajudou a dar à vida dos homens uma dignidade maior
e a abrir novas e variadas possibilidades. Mas estas possibilidades trouxeram-nos
também um crescimento na fé?, perguntou-se o Papa. Não será talvez preciso procurar
as raízes profundas da fé e da vida cristã noutra realidade bem diversa da liberdade
social? Houve muitos católicos resolutos que permaneceram fiéis a Cristo e à Igreja,
precisamente na difícil situação de uma opressão exterior. E o Papa citou a pastoral
dos refugiados imediatamente depois da II Guerra Mundial: então muitos clérigos e
leigos realizaram grandes coisas para atenuar a penosa situação dos prófugos e dar-lhes
uma nova Pátria.
Bento XVI não deixou de recordar o Santos desta terra, afirmando
que o seu testemunho de fé pode, também hoje, dar-nos a coragem para um novo despertar.
“Aqui pensemos sobretudo nos Santos Padroeiros da diocese de Erfurt: Isabel
da Turíngia, Bonifácio e Kilian. Isabel veio de um país estrangeiro, da Hungria, para
Wartburg na Turíngia. Levou um vida de intensa oração, associada com a penitência
e a pobreza evangélica. Regularmente, descia do seu castelo até à cidade de Eisenach
para lá cuidar pessoalmente dos pobres e dos doentes. Foi breve a sua vida nesta terra
– chegou apenas à idade de vinte e quatro anos –, mas o fruto da sua santidade foi
imenso. Santa Isabel goza de grande estima também entre os cristãos evangélicos; pode
ajudar-nos a todos a descobrir a plenitude da fé transmitida e a traduzi-la na nossa
vida diária”.
Que têm em comum estes Santos? Perguntou o Papa. Como podemos
descrever a faceta particular da sua vida, tornando-a fecunda para nós? Sim, os Santos
mostram-nos que é possível e que é bom viver, de modo radical, a relação com Deus,
colocando Deus no primeiro lugar e não como uma realidade entre as outras. E falou
sobre o que é a fé:
“Essencialmente, a fé é sempre também um acreditar junto
com os outros. O fato de poder crer devo-o, antes de mais nada, a Deus que Se dirige
a mim e, por assim dizer, «acende» a minha fé. Mas, de um modo muito concreto, devo
a minha fé também àqueles que vivem ao meu redor e que acreditaram antes de mim e
acreditam juntamente comigo. Este «com», sem o qual não pode haver qualquer fé pessoal,
é a Igreja”.
Os Santos, apesar de serem poucos, mudam o mundo destacou
ainda o Papa concluindo suas palavra recordando o sino da catedral de Erfurt que se
chama «Glorioso». É considerado o maior sino medieval do mundo que oscila livremente.
É um sinal palpável do profundo enraizamento na tradição cristã, do povo da Turíngia
mas também um sinal para nos pormos a caminho empenhando-nos na missão. O referido
sino tocou hoje no fim da Missa solene.
Após a Santa Missa o Papa deixou a
cidade de Erfurt, e se transferiu para Friburgo, no, sul do país, última etapa desta
primeira visita oficial a seu país. Ainda neste sábado o encontro com os representantes
das Igrejas Ortodoxas e a Vigília de oração com os jovens na Feira de Friburgo.
Amanhã,
domingo, Bento XVI preside a Santa Missa na esplanada do aeroporto de Friburgo. (SP)