Friburgo,
24 set (RV) - Depois de celebrar uma missa esta manhã na Praça da Catedral de
Erfurt, o Papa deixou a cidade rumo ao sul da Alemanha, terceira e última etapa desta
21° Viagem Apostólica de seu pontificado.
Com uma hora de voo e outra de carro,
Bento XVI chegou à Freiburg im Breisgau, Friburgo, cidade do estado federal de Baden-Württemberg
conhecida como “a porta da Floresta Negra”. Orgulho de seus duzentos mil habitantes,
Friburgo é uma pequena cidade com séculos de história e tradição que tem desenvolvido,
a partir dos anos 60, uma política “verde”. Automóveis não circulam na área urbana
central; outros meios de transporte, como bondes e bicicletas, têm prioridade. As
ruas interiores são ligadas arquitetonicamente mediante um sistema de canais de água
(usados antigamente como reserva em caso de incêndio), que circulam pelas ruas, valorizando
o espaço público. Cidade mais quente e ensolarada da Alemanha, é considerada como
centro de excelência em termos de qualidade de vida.
Em 1520, Friburgo se opôs
à Reforma Protestante e se tornou um “baluarte” católico na região do Alto Reno, tendo
hospedado o Bispo de Berna e Erasmo de Rotterdam. Friburgo abriga desde 1547 a renomada
universidade “Albert-Ludwig”, que em sua longa história foi administrada pelos padres
jesuítas e que ainda hoje é muito procurada em razão da qualidade do seu ensino e
pesquisa.
Esta etapa, que se encerra domingo, será dedicada principalmente
ao encontro com a Igreja católica alemã.
Ao chegar ao aeroporto de Lahr (o
mais próximo da cidade), Bento XVI foi recebido pelo ministro-presidente, eleito pelo
Partido Verde, que está se ‘alastrando’ em toda a região, tendo vencido inclusive
as últimas eleições políticas no ‘land’. Winfried Kretschmann é um católico expoente
do Comitê católico da região. Estavam presentes autoridades políticas, eclesiais e
convidados de honra.
O primeiro compromisso do Pontífice hoje na cidade foi
a visita à Catedral – Munster – dedicada a Nossa Senhora, uma das poucas igrejas góticas
alemães prontas ainda na época medieval. Construída em 350 anos, tem uma torre de
116 metros. Ainda hoje a fachada está sendo restaurada dos danos sofridos nos bombardeamentos
de 1944.
É sede paroquial e desde 1821 sede do Arcebispado. O atual Arcebispo,
Dom Robert Zollitsch, é Presidente da Conferência Episcopal Alemã.
Os compromissos
de hoje começaram na Catedral: adoração, oração do Angelus, assinatura do Livro de
Ouro da região e da cidade, e a partir um pequeno palco montado diante do edifício,
o Pontífice fez uma saudação à cidadania, cerca de 3 mil pessoas.
Em seguida,
Bento XVI foi ao Seminário, onde cumpriu uma agenda de encontros. O primeiro foi com
o ex-chanceler Helmut Kohl, com quem o Papa sempre manteve relações de amizade e expressou
o desejo de receber, nesta viagem. Kohl, 81 anos, está em condições de saúde precárias.
Embora apresente dificuldades de locomoção e linguagem, tem capacidade mental perfeita,
sendo muito ajudado por sua esposa, que se transformou em um instrumento de comunicação
com o mundo externo.
Com os seminaristas, o Pontífice teve um encontro também
bastante familiar, mas fechado, na capela. Foi pronunciado um discurso, mas não escrito,
pois tratando-se de um encontro informal, Bento XVI pôde improvisar.
Ainda
no Seminário, o Papa recebeu uma delegação das Igrejas ortodoxas, cerca de 15 pessoas
das Igrejas de rito oriental e bizantino. No final da tarde, no aguardado encontro
com o Conselho do Comitê Central dos Católicos Alemães, Bento XVI pronunciou um discurso
sobre a atuação dos leigos na sociedade e na Igreja alemãs.
O último evento
do dia foi a importante Vigília de oração com os jovens, na “Feira de Friburgo” com
testemunhos, uma leitura do Evangelho de Mateus e um discurso do Pontífice.
Muitos
se perguntam, e também nós que estamos aqui como correspondentes acompanhando a viagem,
se a programação desta visita não deveria ter sido mais “leve”, levando em consideração
que Bento XVI tem 84 anos.
Em resposta, o organizador das viagens pontifícias,
Alberto Gasbarri, afirma que cada evento programado foi expressamente desejado pelo
Pontífice. Ontem, o Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Padre Federico Lombardi,
garantiu que “o Papa está menos cansado do que se poderia imaginar em vista de uma
viagem tão intensa”.
Pe. Lombardi explicou que é provavelmente porque Bento
XVI sente que as coisas estão indo bem, no sentido que seus discursos e sua missão
em terras alemãs estão sendo entendidos. Ele sabe que suas fadigas estão sendo compreendidas.
“Parece-me – completou – que tudo esteja correndo bem também do ponto de vista de
sua capacidade de enfrentar momentos tão difíceis”.
De Friburgo, Cristiane
Murray para a Rádio Vaticano