2011-09-23 19:49:00

ÚLTIMAS ATUALIZAÇÕES DO 2° DIA DA VIAGEM DO PAPA À ALEMANHA


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Erfurt, 23 set (RV) - Bento XVI teve um dia bastante movimentado nesta sexta-feira. De manhã, encontrou-se com uma representação de muçulmanos na sede da Nunciatura, em Berlim. Ao defender a colaboração entre cristãos e muçulmanos, o Pontífice admitiu a necessidade de progredir também no diálogo e estima recíprocos.

Na Alemanha, vivem entre 3,8 e 4,3 milhões de muçulmanos, que representam entre 4,6% e 5,2% de sua população. Em nome desta comunidade, o Professor Mouhamad Khorchide, da Cátedra de Pedagogia da Religião Islâmica, reservou palavras de deferência ao Papa, definindo este encontro como um importante sinal para a convivência pacífica entre cristãos e muçulmanos.

“Em nossos encontros, nós, muçulmanos e cristãos, acentuamos o fato que cremos no mesmo Deus de Abraão, de Isaac, de Jacó e de Ismael. Nas duas religiões, existe uma variedade de conceitos de Deus” – disse o representante islâmico.

Depois do encontro inter-religioso, Bento XVI viajou para Erfurt, a cerca de 240 km da capital. O avião utilizado neste trajeto pertence à linha aérea estatal e é utilizado somente para transportar políticos – o que sublinha ainda mais o caráter de visita de Estado desta missão.

Bento XVI visitou a Catedral e o antigo convento dos Agostinianos, onde viveu Martinho Lutero (1483-1546) antes de promover a Reforma que o levou à separação de Roma.

No encontro com os representantes do Conselho da Igreja Evangélica Alemã (EKD), Bento XVI disse tratar-se de um “momento emocionante”.

Por sua vez, a Igreja Evangélica Alemã (EKD), por meio do presidente do organismo, Pastor Nikolaus Schneider, pediu a Bento XVI “passos concretos” do Vaticano para a aproximação de todos os cristãos. “Não se pode estar satisfeitos com os passos dados até o momento” – lamentou.

Bento XVI é o primeiro Papa a visitar o centro da Reforma protestante empreendida por Martinho Lutero e o encontro de hoje criou uma enorme expectativa em todo o país. A Chanceler Angela Merkel, protestante (e filha de um Pastor), reiterou em numerosas ocasiones nestes dias a sua satisfação seja pela visita do Pontífice como pelo encontro com os representantes da Igreja evangélica.

Ontem, discursando ao Papa, o Presidente do Bundestag (Parlamento), Norbert Lammert, pediu que contribua a superar a divisão entre o catolicismo e o protestantismo, que “tanto irrita” os fiéis alemães de ambas as confissões.

“Muitos cidadãos – ressaltou ele – desejam que o pontificado do primeiro Papa alemão desde a Reforma não seja apenas um reconhecimento do ecumenismo mas um passo apreciável rumo à superação das divisões na Igreja”.

Com esta primeira visita a um bispado do leste da Alemanha, no território da extinta República Democrática Alemã (RDA), Bento XVI quis também dar um reconhecimento à força dos católicos que permaneceram fiéis a sua fé, apesar das dificuldades vividas durante a dura divisão alemã.

Tudo isso repercutiu positivamente na imprensa: hoje os jornais estão bem mais moderados em relação à posição bastante crítica expressa dos dias antecedentes à visita.

O discurso pronunciado ontem na sede do Parlamento teve um consenso unânime e o tema mais elogiado foi a tomada de posição ‘ecológica’ do Pontífice. O jornal 'Berliner Zeitung' afirma que “com uma mensagem ‘verde’ o Papa sabe sempre emocionar”. O conservador 'Die Welt' escreve que Bento XVI “surpreendeu seus defensores e adversários”, e com um comentário intitulado “O Papa verde e iluminado”, o progressista 'Sueddeutsche Zeitung' ressalta que “a Igreja romana tem sempre muita força” e que “o discurso do Papa foi uma tentativa de conciliação com o Iluminismo”.

O cotidiano nota que a atenção reservada a Bento XVI “foi merecida” porque seu discurso foi “grande e humano, uma impressionante tese de filosofia do direito, absolutamente fundamental e nem um pouco fundamentalista”.

Ainda hoje, despertou muita atenção a celebração ecumênica em Erfurt, quando um bispo evangélico leu o Salmo 164 na tradução feita por Lutero, em que se expressa a vocação cristã comum para louvar a Deus.

O Papa fez uma oração pela unidade dos cristãos e o Presidente do Pontifício Conselho para a Unidade dos Cristãos, Cardeal Kurt Koch, fez uma prece e rezou a oração do Pai Nosso.

Em seguida, Bento XVI foi a Etzelsbah, a cerca de 80km, onde visitou a capela na qual os católicos se encontravam durante os anos do comunismo e rezou as vésperas marianas na grande esplanada, ao lado da capela.

Às 19h, hora local (14h de Brasília), retornou a Erfurt, cidade que deixará amanhã de manhã, após uma missa na Praça da Catedral. Às 13h, parte para Friburgo, no católico sul, última etapa desta primeira visita oficial a seu país.

Da Alemanha, Cristiane Murray para a RV







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