Tóquio,
23 set (RV) - Amigos e amigas que ouvem o Programa Brasileiro da Rádio Vaticano,
recebam uma saudação do Japão, a terra da cultura milenar.
Girando pelo mundo
percebe-se que, para a identidade cultural de um povo, concorrem muitíssimos elementos
cujas raízes se perdem na história, mas que são vivenciados no momento presente. Como
isso pode acontecer? Por que caminhos e por quais meios, elementos milenares compõem
a multicolorida colcha cultural de uma nação? Viajando por diversos lugares do arquipélago
do Japão notei que informações históricas podem ser lidas em placas de bronze, granito
e painéis em quase todos os lugares públicos e, com muita freqüência, em centros comerciais
e edifícios particulares.
Arte, história deixaram de ter os museus como lugar
privilegiado para ganhar as ruas e praças de muitas cidades, por onde caminhando,
percebe-se que os pavimentos das mesmas também transmitem a cultura de sua região
ou do país, além de dar mais conforto ao caminhante. Sob os pés do transeunte desfilam
desenhos de tambores, instrumentos musicais, arcos, templos, figuras míticas, símbolos
folclóricos, impressos em lajotas coloridas. Isso permite às pessoas, por assim dizer,
andarem sobre a cultura. Neste caso, muito mais acertado é afirmar que elas se enriquecem
de cultura até pelos pés.
Perambulando por diversas cidades do país deparei-me
com algo inusitado. Percebi que até as tampas de bueiros e galerias pluviais não foram
feitas só para fechar os dutos subterrâneos, de forma fria e rústica. Nos discos de
ferro fundido são esculpidos ícones da cultura japonesa. Garças, flores, dragões,
samurais, hábitos dos japoneses e homenagens a personagens históricos se reproduzem
na arte das tampas dos bueiros. O fato de estarem sempre debaixo dos pés dos transeuntes,
não é motivo para que elas não sejam um meio de transmissão do belo e da cultura.
Por isso elas são belas, bem feitas e coloridas.
Tanto nas expressões culturais
nas tampas dos bueiros como nas lajotas das calçadas, está presente a ação da iniciativa
individual e dos poderes públicos. O amor à arte e à cultura fazem com que as tampas
dos bueiros e as lajotas das calçadas e praças se transformem em telas de arte cuja
finalidade é ligar o passado com o presente e, o presente com o futuro.
A cultura
é um processo em evolução permanente que se transforma em riqueza para a geração atual
e às sucessivas.
Missionário Pe. Olmes Milani CS
Do Japão para a Rádio Vaticano