DIRETO DA ALEMANHA: OS DETALHES DO PRIMEIRO DIA DA VISITA DO PAPA
Berlim,
22 set (RV) - A Alemanha começa hoje a viver um evento excepcional, seja por razões
históricas como pelo debate nacional que está gerando: a chegada de Bento XVI a Berlim.
Uma pequena delegação de eclesiásticos e autoridades, crianças e um grupo de fiéis
o aguardavam para saudá-lo. Em uma sala à parte, teve um breve encontro com a Chanceler,
Angela Merkel, e o Presidente da República, Christian Wuff. Logo em seguida, o grupo
foi ao Castelo de Bellevue, residência oficial do Presidente: o edifício foi construído
em 1785, destruído durante a II Guerra e reformado em 1959.
Nos jardins, teve
lugar a cerimônia oficial de boas-vindas, com a execução dos hinos nacionais, piquete
de honra e as formalidades previstas pelo protocolo de uma visita de Estado.
Em
seguida, o Papa se retirou para uma audiência particular com o Presidente e sua família,
em uma das alas da residência.
Ainda de manhã, encontra-se com a Chanceler,
na sede da Conferência Episcopal Alemã.
À tarde, a expectativa se concentra
na visita ao Parlamento Federal o Bundestag, onde Bento XVI fará um discurso que já
está catalisando a atenção de todos. Ele falará a uma nação que, como outras na Europa,
está sofrendo as graves consequências econômicas e sociais da crise, mesmo mantendo
o primado de ser a segunda nação do mundo em ajudas aos países pobres.
A Alemanha
registra um índice de desemprego que oscila entre 13 e 11% e taxas de natalidade sempre
mais baixas, apesar da enorme presença de imigrantes. Do ponto de vista confessional,
católicos e luteranos somam 2/3 da população. O restante é constituído por ateus e
muçulmanos (10%). Em Berlim, a porcentagem de agnósticos é ainda maior, beirando 60%,
e os católicos são apenas 9%.
Em sua mensagem transmitida sábado pela TV estatal,
o Papa antecipou que o tema da viagem, “Onde estiver Deus, há futuro” será um marco
para o início da Nova Evangelização: uma proposta que bem cabe neste país, hoje seduzido
pela secularização e ferido pela crise da pós-modernidade.
Não será uma missão
fácil: gestos de protesto, desde uma manifestação contra seu discurso no Parlamento
até a convocação de cerimônias paralelas por parte dos críticos do catolicismo estão
programadas em Berlim.
O próprio presidente alemão, Christian Wulff, declarou
ao jornal "Die Zeit" que “milhões de católicos separados e casados de novo, assim
como milhões de pessoas de outros grupos, esperam do Papa um pronunciamento a este
respeito”. Ele mesmo é católico praticante e casado pela segunda vez.
Ontem
à tarde, o Presidente da Conferência Episcopal Alemã, Dom Robert Zollitsch, em coletiva
de imprensa, lançou um apelo a ouvir o Papa antes de criticá-lo. “Bento XVI trará
à Alemanha uma mensagem de esperança; ele vem falar de valores, nestes tempos de crise”
- defendeu.
Sobre a questão de um eventual encontro com as vítimas de abusos
– que ainda não foi oficialmente confirmada – o Arcebispo reiterou o esforço do Papa
neste sentido, que data de quando era Cardeal: o compromisso em prevenir os abusos
e tutelar as vítimas.
O Arcebispo de Friburgo também ressaltou a importância
ecumênica do encontro com os luteranos em Erfurt, recordando que podem emergir novas
ideias, com êxito positivo: “Bento XVI – disse Dom Zollitsch – é corajoso mas sabe
ser paciente”.
Ainda hoje, Bento XVI se reunirá com a comunidade judaica alemã
e celebrará uma missa no estádio olímpico de Berlim, com capacidade para 90 mil pessoas.
Está prevista a participação de milhares de poloneses.