CARD. RYLKO E AS LINHAS DE RATZINGER SOBRE A EVANGELIZAÇÃO
Cidade do Vaticano, 22 set (RV) - O Presidente do Pontifício Conselho para
os Leigos, Cardeal Stanyslaw Rylko, explicou as “três linhas” propostas pelo Cardeal
Joseph Ratzinger–Bento XVI para o processo da evangelização na qual devem estar envolvidos
todos os fiéis da Igreja. Em um artigo publicado na edição de ontem, 21 de setembro,
do jornal vaticano L'Osservatore Romano, o Cardeal Rylko explica a urgência da evangelização
no mundo de hoje como missão insubstituível da Igreja em meio de uma sociedade relativista.
Para explicar as três linhas propostas pelo então Cardeal Ratzinger, o Cardeal Rylko
cita uma palestra do agora Papa Bento XVI pronunciada em 10 de dezembro do ano 2000
por ocasião de um congresso de catequistas e professores de religião.
Naquela
oportunidade, o ainda Cardeal Joseph Ratzinger se referiu à “crise de Deus” no mundo,
que “com frequência os cristãos vivem como se Deus não existisse”. Com essa premissa,
o Cardeal Ratzinger elaborou três linhas para a evangelização. A primeira é a “da
expropriação”. Os cristãos, diz o Cardeal Rylko, “não são os donos, mas humildes servos
da grande causa de Deus no mundo. São Paulo escreve: 'não pregamos a nós mesmos, mas
a Cristo Jesus Senhor, quanto a nós, somos seus servidores por amor a Jesus'”.
“Por
isso o Cardeal Ratzinger sublinhava com força que 'evangelizar não é simplesmente
uma forma de falar, e sim uma forma de viver: viver na escuta e ser voz do Pai”. A
evangelização, prossegue o Cardeal vaticano, “não é então mais um assunto privado,
porque detrás sempre está Deus e sempre está a Igreja” para o qual é necessário manter-se
em constante oração. A segunda linha de evangelização, prossegue o Cardeal Rylko,
“é a que aflora da parábola do grão de mostarda”.
“As realidades grandes começam
na humildade, dizia o Cardeal Ratzinger. Assim, Deus tem predileção particular pelo
pequeno”. “A parábola do grão de mostarda diz que quem anuncia o Evangelho deve ser
humilde, não deve pretender obter resultados imediatos, nem qualitativos nem quantitativos,
porque a lei dos grandes números não é a lei da Igreja”. Isso acontece, explica o
Cardeal Rylko, porque o dono da colheita é Deus, é Ele quem decide os ritmos, os tempos
e as modalidades de crescimento do grão. Isto então nos livra do desespero em nosso
esforço missionário, sem nos eximir de dar tudo como nos recorda o Apóstolo de Gentes:
'quem semeia escassamente, recolhe escassamente; quem semeia amplamente, recolherá
com amplitude'.
A terceira linha tem a ver com a morte do grão de mostarda
para dar fruto: na evangelização sempre está presente a lógica da Cruz. Sobre isto
dizia o Cardeal Ratzinger: “Jesus não redimiu o mundo com belas palavras, mas com
seu sofrimento e sua morte. Sua paixão é a fonte inesgotável de vida para o mundo,
a paixão dá força à sua palavra”. O Cardeal Rylko recorda, como exemplo, a força e
o testemunho dos mártires de toda a história, que constituem o “grande patrimônio
espiritual da Igreja e um luminoso sinal de esperança para seu futuro”. Diante dos
muitos desafios e problemas que se apresentam neste terceiro milênio, continua, “a
esperança não deve nos abandonar jamais. O sucessor de Pedro nos assegura que Deus
'também hoje encontrará novos caminhos para chamar os homens e quer ter consigo a
nós como seus mensageiros e servidores'”. (SP)