IMPRENSA ALEMÃ DESTACA VISITA DO PAPA, A PARTIR DE AMANHÃ
Berlim,
21 set (RV) - A viagem que Bento XVI fará à Alemanha a partir de amanhã será certamente
uma das mais densas de significados de seu papado. Será a terceira ao seu país de
origem, depois de ter vindo a Colônia em 2005 para a Jornada Mundial da Juventude
- apenas quatro meses após sua eleição - e à Baviera em 2006, mas é a primeira como
convidado do Presidente da República para uma ‘visita de Estado’.
Pode-se
afirmar que esta viagem estava nas intenções do Pontífice há muito tempo e vinha sendo
adiada por vários motivos. Depois de cinco anos da última viagem, segundo o Papa,
este é o momento certo. Aqui, ele vai encontrar uma sociedade sempre mais secularizada,
onde também o catolicismo sofre com a perda de fiéis, e uma Igreja local em estado
de agitação e ainda ferida pelos casos de abusos sexuais envolvendo clérigos. A tensão
também é política e econômica. Como os outros países da Europa, a Alemanha não atravessa
uma boa fase econômica e política. A popularidade do governo é baixa e os números
demonstram que o país cresce pouco.
A missão que se impôs fica clara já no
tema da viagem: “Onde estiver Deus, há futuro”, extraído de uma homilia proferida
em 2007 no santuário austríaco de Mariazell, e sublinha que sem os valores da fé e
sem a esperança que dela deriva, não existe resposta para nossas angustias: o futuro,
o meio-ambiente, os conflitos e até a economia mundial. É o que Bento XVI vai destacar
aqui, no país ‘locomotiva’ do Velho Continente, mas aonde a fé cristã parece ter-se
estagnado. Recorda-se que apenas um terço da população alemã é católica.
A
expectativa, no entanto, aumenta. Os meios de comunicação têm intensificado a programação
dedicada à visita papal. O jornal de Frankfurt publica uma reportagem sobre o catolicismo
em Berlim, ressaltando que a Igreja local sempre foi composta por imigrantes, ou seja,
não berlinenses, e ainda hoje é assim. Para o cotidiano de centro-direita, o Papa
vai encher os 70 mil lugares do estádio olímpico de Berlim, onde celebrará missa amanhã
à tarde.
Já o Süddeutsche Zeitung, de centro-esquerda, traz cartas de leitores
com opiniões favoráveis e contrárias à visita do Papa ao Parlamento - o evento mais
debatido desta viagem. O Bild, diário mais lido na Alemanha, colocou na fachada de
sua sede um pôster de 78 metros de altura: uma reprodução da primeira página do jornal
no dia da eleição de Papa Ratzinger, com a famosa manchete “Wir sind Papst
– Nós somos Papa”. Hoje, uma página inteira è dedicada à visita, com o título “Berlim
inteira olha ao Papa”.
Assim, Berlim aguarda a chegada do Pontífice amanhã.
O discurso mais esperado será às 16h15, no Bundestag, o Parlamento alemão. Dois grupos
parlamentares, a Linke e os Verdes, já anunciaram que não presenciarão o encontro.
Depois
da capital federal, o Papa terá etapas em Erfurt, com o encontro ecumênico no ex-Convento
dos Agostinianos, e após a visita ao Santuário Mariano de Etzelsbach, na ex-Alemanha
Oriental - lugar das perseguições comunistas aos cristãos – irá a Friburgo, no sul
do país, região tradicionalmente católica.