ANISTIA INTERNACIONAL DENUNCIA NEGLIGÊNCIA EUROPEIA PARA COM REFUGIADOS AFRICANOS
Roma, 21 set (RV) – A Organização Não Governamental Anistia Internacional lança
documento denunciando os governos europeus pela negligência em relação aos refugiados
africanos. O documento refere-se principalmente aos provenientes da Líbia, por decorrência
do conflito no país.
“Os países europeus, vergonhosamente, deixaram de cumprir
seu dever de ajudar milhares de refugiados, na maioria africanos, abandonados nas
fronteiras com a Líbia”, lê-se no texto. As duras críticas referem-se ao fato de que
os países europeus não colaboraram com o assentamento de cinco mil refugiados, os
quais estão ao longo das fronteiras da Líbia com o Egito e com a Tunísia.
“Há
um abismo entre o sofrimento dos refugiados às portas da Europa e a resposta dada
pela União Europeia”, declarou Nicolas Beger, Diretor do Escritório da Anistia Internacional
junto às instituições europeias. Disse ainda que foi “uma falha evidente, considerando
o fato de que alguns países europeus, tendo participado das operações da Otan no país,
tiveram influência no conflito que foi a principal causa do deslocamento forçado dessas
pessoas”. E acrescentou: “os ministros do interior da União Europeia devem afrontar
urgentemente a questão das alocações dessas pessoas, colocando-a na ‘ordem do dia’
do Conselho de Justiça e Assuntos Internos reunido em 22 de setembro”.
A Anistia
recorda que no campo de refugiados de Choucha, na Tunísia, vivem 3.800 refugiados
e requerentes de asilo, e que mais outras mil pessoas estão abandonadas na fronteira
egípcia de Saloum.
Trata-se de pessoas que não podem voltar à Líbia, onde
correm o risco de serem vistas como possíveis mercenários do ditador que governava
o país, e nem para os seus países de origem, devido aos conflitos em andamento.
Canadá,
Austrália e Estados Unidos expressaram disponibilidade para abrigar alguns dos refugiados.
Quanto à União Europeia, tal oferta teria sido feita somente por oito dos 27 países
componentes, e abrangendo apenas 700 pessoas. (ED)