Damasco, 20 set (RV) – Uma semana de jejum pela reconciliação na Síria: os
monges da comunidade de Deir Mar Musa (fundada pelo jesuíta Paolo Dall’Oglio) fazem
um apelo por uma semana de jejum e oração, de 23 a 30 de setembro em prol da reconciliação
na Síria. Há vários meses o país está sendo palco de demonstrações, violentamente
reprimidas pelo regime, para pedir uma abertura ao pluralismo. “A comunidade de Deir
Mar Musa em Habasci, na montanha de Nebek – lê-se no apelo dos monges -, quer passar
oito dias de jejum e oração para suplicar a Deus, Pai de misericórdia, a reconciliação,
entre os cidadãos a partir de uma escolha comum de não violência como único método
capaz de garantir uma reforma estável, sem derrapar na guerra civil e a roda interminável
da violência”.
“Pedimos para a Síria – continuam os monges -, o milagre da
reconciliação. Esperamo-lo de Deus, na conversão uns pelos outros dos corações das
filhas e filhos desta terra. O nosso país está ferido, e as almas estão cheias de
sentimentos de injustiças e de medo da pessoa do outro. Cada um vê o outro como um
perigo para a comunidade, como um inimigo da pátria; é difícil reconhecê-los como
um ser humano semelhante a ele, que tem os mesmos direitos e dignidade, ainda que
ele mesmo os subverteu”.
“A reconciliação tem, no nosso entender – esclarecem
os monges -, várias portas, ainda que elas mesmas sejam objeto de diálogo e de negociação.
Esperamos que se abra a porta da liberdade de expressão e de imprensa, que cresça
a ética dos que trabalham na área da mídia, fora e dentro do País”. De fato, “é possível
fugir da mentira através da pluralidade das fontes de informação. Hoje, é efetivamente
é impossível para um país se isolar da sociedade global. Devemos, portanto, buscar
um mínimo de objetividade, através da pluralidade mediática mundial, mesmo se estamos
cientes de seus limites e reagindo contra eles”.
Os monges sugerem também ao
Governo sírio convidar o Comitê internacional da Cruz Vermelha e da Meia-Lua Vermelha,
junto com outras organizações humanitárias internacionais independentes “para que
cooperem com as ONGs sírias, visando alcançar três objetivos: garantir o caráter pacífico
das manifestações; acompanhar os jornalistas a cobrirem os acontecimentos; oferecer
a mediação entre as partes em conflito para comunicar e alcançar a reconciliação e
a paz”. (SP)