Daca, 20 set (RV) – Uma prática crescente está se transformando em um verdadeiro
escândalo: no norte de Bangladesh, agricultores reduzidos à miséria vendem seus rins
para pagar dívidas. Os transplantes são feitos em centros médicos ou clínicas cúmplices
em Bangladesh, Índia e Cingapura: é a denúncia recebida pela Fides de várias ONGs
que atuam em Bangladesh e de agentes humanitários católicos que assinalam o fenômeno
como “cada vez mais comum e preocupante”.
Rosaline Costa, ativista católica
da ONG "Human Rights Hotline Bangladesh", explica à Fides: “As vítimas são agricultores
tribais em condições de indigência. Bandos de criminosos regionalmente organizados
exploram a miséria de pessoas inocentes, especialmente em áreas rurais, onde a presença
do governo e da polícia é menor e existe mais corrupção. Esta prática continua há
anos no silêncio, inclusive nas favelas de cidades como Daca. Agora está vindo à tona.
Como organização da sociedade civil, pedimos uma firme intervenção das autoridades
para detê-lo e desintegrar os grupos criminosos”.
Um rim pode valer de 130
mil takasas (1.700 dólares) até 400 mil takasas (mais de 5.000 dólares). Os agricultores
frequentemente não sabem que todo o negócio do tráfico de órgãos é ilegal, proibido
pela legislação internacional e punido em Bangldesh com multa e prisão. Como informa
a imprensa local no distrito de Joypurhat, Norte de Bangladesh, a polícia já identificou
42 casos de agricultores que venderam seus rins, mas os casos certificados são mais
de 200, e as vítimas deste tráfico têm aumentado nos últimos cinco anos.
Na
última década, o tráfico de órgãos – que registra no mundo um movimento de cerca de
50 milhões de dólares por ano – se tornou lucrativo no sul da Ásia, de modo especial
na Índia e no Paquistão. (SP)