AUSTRÁLIA: APELO DA IGREJA PELA SITUAÇÃO NAS PRISÕES
Broome, 16 set (RV) - “Construir pontes, não muros”: é o apelo lançado pela
Conferência Episcopal da Austrália em relação à questão carcerária no país. O chamado
está contido no documento pragmático 2011-2012, publicado recentemente pelo Conselho
australiano católico para a Justiça Social. O organismo, ligado à Conferência Episcopal
local, é presidido pelo Bispo de Broome, Dom Christopher Saunders.
“Devemos
refletir sobre a situação dos detentos, escreve o bispo no prefácio do documento.
Entre 1984 e 2008, o número de australianos na prisão quase dobrou. Mas a taxa de
criminalidade permaneceu inalterada ou diminuiu”. Sem levar em consideração que “a
maioria dos presos australianos provêm de camadas mais desfavorecidas da sociedade:
indígenas, marginalizados, doentes mentais. Assim sendo, devemos nos perguntar se
o judiciário realmente administra a justiça em nossas comunidades”.
Naturalmente,
continua Dom Saunders no seu prefácio, “não estamos tentando justificar os crimes
ou minimizar o terrível impacto que eles podem ter sobre as pessoas inocentes”. No
entanto, é necessário fazer algumas perguntas: “Por que tantas pessoas estão em prisões
na Austrália? Existem alternativas construtivas para a prisão? O que você faz para
ajudar os presos a levar uma vida profícua, uma vez cumprida a pena?”
Agradecendo,
em seguida, “o incansável trabalho” de todos os capelães carcerários, o prelado recorda
a atenção de Jesus para com os marginalizados, assim como a prisão sofrida por tantos
mártires católicos. A esperança é que o documento pragmático ajude os australianos
a não se esquecerem da questão carcerária.
Dividido em três seções - intitulado
“A prisão última praia?", “O ensinamento da Igreja”, “Qual é a resposta dos cristãos?”
– o documento traz também muitos exemplos de capelães de prisão.
Entre os
pontos mais sublinhados, há a desigualdade de tratamento dos prisioneiros nos diversos
cárceres do país, o chamado a respeitar a dignidade humana de todas as pessoas, inclusive
aqueles que cometeram um crime, um convite a buscar uma solução para os fatores sociais
que contribuem à criminalidade, o chamado a contribuir para a reintegração dos ex-presos
na sociedade, bem como pensar em alternativas realistas à detenção. Finalmente, os
cristãos são chamados a construir um “novo sentido de comunidade”, seguindo o exemplo
da parábola evangélica do filho pródigo. (SP)