São José do Rio Preto, 14 set (RV) - Os nossos critérios de ação devem ultrapassar
a realidade unicamente humana. Na origem das atitudes há os dados da ética e da moral,
mas também as questões divinas que estão relacionadas com as questões da fé.
Ser
generoso não é simplesmente ser justo, mas atender as necessidades de quem está em
jogo. Não é fato apenas de merecimento e de justiça, mas de solidariedade e de partilha
de forma fraterna, para que todos tenham vida digna. O mundo é como um terreno
onde se planta de tudo. É daí que tiramos os alimentos. Mas todos devem trabalhar
uns mais e outros menos, dependendo das condições de cada pessoa. Os frutos são para
sustento da coletividade e de forma solidária.
Para o trabalho, há pessoas
que chegam cedo, outras trabalham menos, mas ambos têm necessidade de vida e de alimento.
Na partilha, ninguém pode ser injustiçado, mesmo que alguém receba além do que é justo
por não ter trabalhado o tempo todo.
Jesus conta a parábola do patrão que combinou
o salário do dia com um trabalhador. Outros foram chegando ao transcorrer do dia,
havendo até quem chegasse ao final da tarde. A ambos o patrão pagou o mesmo valor.
Ele agiu com justiça e com generosidade.
No mundo capitalista as atitudes são
diferentes, mesmo sabendo da existência de quem partilha com os trabalhadores os lucros
da empresa. No mundo de Deus, a ternura e a generosidade ultrapassam as nossas, a
lógica é diferente do que fazemos.
A prática da vida cristã deve ser a do amor,
com capacidade de doação maior do que aquilo que merecemos. É a misericórdia, a paciência,
a compaixão, a bondade e a justiça, tendo como objetivo viver bem, tendo uma vida
que faça sentido.
Para Deus, a partilha não é matemática e nem mesquinha, porque
Ele olha a necessidade da pessoa. A sua bondade ultrapassa os critérios humanos e
seus dons são sem medida. O que importa não é o que fazemos, mas a forma como fazemos
as coisas.
Dom Paulo Mendes Peixoto Bispo de São José do Rio Preto