2011-09-12 15:35:05

O Papel da educação católica em África:
A missão de “educar” o pensamento da pessoa humana



O futuro da África depende, em grande parte, da formação dos jovens, sobretudo a nível universitário. “sejais, na Universidade, sinceros e apaixonados pesquisadores da verdade, construindo comunidades académicas de alto nível, lá onde é possível exercer e gozar daquela racionalidade aberta e ampla, que leva ao encontro com Deus (…) A nova evangelização em África conta também com o vosso generoso empenho” .

Estas palavras dirigidas por Bento XVI aos jovens universitários de Roma e de nove capitais africanas a 10 de Outubro de 2009, por ocasião da 2ª Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a África, iluminam o caminho que o sistema educativo católico deve seguir, abrindo-se, é certo, ao saber, mas sem deixar de lado a dimensão humana e social da formação dos estudantes.

Com efeito, a educação católica no Continente – vista inicialmente como um elemento de ruptura capaz de afastar as populações autóctones da própria identidade, levando-as à alienação e extroversão – foi associada conceitualmente à aquisição dum modelo exógeno de estilo de vida e de noções, que teria, sim, enriquecido o homem africano em termos de conhecimentos, mas não em termos da sua própria identidade.

O africano era convidado a descobrir a verdade - mas não a própria verdade – uma verdade que fazia dele uma pessoa com uma dupla identidade: a que lhe vinha do mundo exterior e a que era ligada à sua cultura de origem.

Neste contexto, o desafio maior a enfrentar pelo ensino católico era o de conciliar, não apenas fé e razão, mas também a fé e as tradições ancestrais africanas.

A Igreja católica enveredou, então, para um caminho tendente a transformar o africano – visto como sujeito passivo do conhecimento - em sujeito activo, capaz de construir a própria identidade cientifica original, no âmbito dum projecto educativo orientado para a harmonização das culturas, através do Evangelho e da fé em Cristo.

Deste modo, a educação católica pôde conciliar elementos da cultura moderna com os da cultura tradicional africana, pondo o homem no centro do seu sistema de transmissão de conhecimentos.

No contexto actual, em que a rápida evolução da sociedade faz emergir novos desafios; onde a mundialização tende a veicular um modelo cultural secularizado; o papel da Igreja continua a ser o de fazer do seu sistema de educação um vector de transmissão dos valores culturais enraizados na fé e na promoção humana.

Como mostram os vários documentos sobre a Igreja em
África - desde a exortação pós sinodal “Ecclesia in África” até às recomendações da segunda Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a África - as Universidades e Institutos superiores católicos têm um papel importante a desempenhar no continente no que toca à proclamação da Palavra de Deus, pondo a pessoa humana no centro das suas acções e, dando à Igreja a possibilidade de estar presente e de agir nos vários sectores em que as mutações culturais em curso fazem nascer novos desafios.

Com efeito, esses institutos são, de certo modo, fóruns públicos, que permitem dar a conhecer, num dialogo criativo, as convicções cristãs sobre o homem, a mulher, a família, e o trabalho, a economia, a sociedade, a política, a vida internacional, o ambiente.

Se no passado, o sistema moderno de aquisição do saber era susceptível de gerar uma ruptura tendente a afastar os autóctones da própria identidade, hoje existem novas formas de alienação que empobrecem a cultura africana na sua dimensão humana. É o caso da globalização da economia e de certos modelos ideológicos egoístas. Tudo isto reforça a necessidade de a Igreja promover a educação orientada para a dimensão comunitária da vida social.

E, a Igreja africana, empenhada na inculturação do Evangelho, é chamada a fazer do seu sistema educativo um vector das verdades fundamentais da fé cristã, mantendo-se aberta aos princípios universais centrados na dignidade da pessoa humana. Não é por acaso que foi, ao longo dos tempos, constituída uma rede de Institutos para a instrução - desde escolas primárias a universidades - que desempenharam a própria missão de transmitir o amor pela verdade às gerações vindouras.

Marie José Muando Buabualo - Programa Francês/África, Rádio Vaticano








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