2011-09-10 13:52:46

11 de setembro: É fundamental fazer «o cerco àqueles que estão interessados em prosseguir a violência».


(10/9/2011) O Alto Representante das Nações Unidas para a Aliança das Civilizações, Jorge Sampaio, defendeu, esta sexta feira , na Universidade Católica Portuguesa (UCP), em Lisboa, que é fundamental fazer “o cerco àqueles que estão interessados em prosseguir a violência”.
Num seminário sobre «Dez anos após o 11 de setembro – contributos para o diálogo inter-religioso», o antigo Presidente da República Portuguesa, realçou aos órgãos de comunicação social que “não se pode abrandar o trabalho desenvolvido, no sentido de encontrar um caminho de paz, segurança e desenvolvimento”.

Naquele espaço de reflexão com vários oradores, Jorge Sampaio reconheceu também que “nem tudo é negativo” porque “os avanços” foram notórios e a chamada «primavera árabe» é “significativo do que as pessoas podem ambicionar”.
Ao olhar para a sociedade contemporânea, o Alto Representante das Nações Unidas para a Aliança das Civilizações sublinha que “não é com crises financeiras dramáticas e uma forma financeira capitalista clássica”, cada vez “mais alavancada sobre nada e virtual”, que se pode “atingir os objetivos do Desenvolvimento do Milénio e fazer uma caminhada de paz”.

Para além de todas as contrariedades, dramas e violências é crucial “lutar contra elas” – referiu Jorge Sampaio.
Como os assuntos não podem ser resolvidos pelos Estados de forma isolada, o ex-Presidente da República Portuguesa alerta para que haja um mundo “mais capaz de encarar a necessidade de novas organizações internacionais e novo multilateralismo” porque a “dimensão global é cada vez mais evidente”.

Apesar das dificuldades e das décadas de trabalho, “é com os que estão em desacordo” que se deve “encontrar plataformas de trabalho conjunto” – acrescenta.
Jorge Sampaio confidenciou também que o mundo de hoje precisa de todos aqueles que “sendo de religiões diferentes têm princípios comuns”.

Os “azares e a violência” não acabaram, mas a mensagem “deve ser positiva” porque “vale a pena trabalhar em prol de um mundo comum”.
Se tal não acontecer “a nossa existência deixou de ter qualquer justificação” – afirmou.

Em relação à hipótese da repetição dos atentados do 11 de setembro de 2001, Jorge Sampaio afirmou que “os serviços de inteligência progrediram muito”, mas “não se sabe o que pode acontecer”.
Para o representante do Centro de Estudos dos Povos e Culturas de Expressão Portuguesa da UCP, João Paulo Oliveira e Costa, o encontro tinha o objetivo de proporcionar o diálogo entre as pessoas “para além das religiões” porque enquanto se vive mergulhado “nas convicções absolutas haverá convivialidade, mas dificuldade em respeitar o outro”.

Em relação ao ataque do 11 de setembro de 2001, João Paulo Oliveira e Costa defende que sobre aquele acontecimento pode-se fazer “muitas interpretações”, mas “a religião foi a desculpa e as pessoas que o fizeram estavam religiosamente motivadas para se suicidarem”.
O embate dos aviões nas torres gémeas de Nova Iorque (Estados Unidos da América) ficará na história mundial e a sociedade “nunca esquecerá aqueles momentos” – acrescenta.
Para Henrique Pinto, diretor da CAIS e orador deste colóquio, o 11 de setembro de 2001 “não se tratou de um desencontro ou desentendimento entre confissões religiosas”.

Passados 10 anos após a tragédia, o orador defende que esta “foi uma ação violenta de protesto contra o sistema financeiro e económico atual”.

“Um grito sócio-económico e político contra o império e a arrogância de sistemas de governo que não libertam, mas escravizam e criam pobreza” – sublinhou o orador.








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