BENTO XVI: RELATIVISMO MORAL CAUSA FRUSTRAÇÃO, DESESPERO E VIOLÊNCIA
Castel Gandolfo, 09 set (RV) - Educação, oportunidades sociais e emprego: foi
o que pediu o Papa no discurso ao novo Embaixador do Reino Unido junto à Santa Sé,
Nigel Marcus Baker, recebido na manhã desta sexta-feira em Castel Gandolfo para a
apresentação de suas credenciais.
Bento XVI louvou as iniciativas internacionais
da Grã-Bretanha em prol da redução da dívida e em favor dos financiamentos ao desenvolvimento,
e recordou os ensinamentos do Beato Cardeal John Henry Newman, úteis para aqueles
que "buscam soluções para as questões políticas, econômicas e sociais da nossa época".
Nas
palavras do Pontífice foi também feita uma menção à histórica visita da rainha Elisabeth
à Irlanda e aos protestos recentemente registrados na Inglaterra.
"Quando as
políticas não levam em consideração ou não promovem valores objetivos, o resultante
relativismo moral, ao invés de conduzir a uma sociedade livre, justa e solidária,
tende a produzir frustração, desespero, solidão e desprezo pela vida e pela liberdade
dos outros."
Em seguida, o Papa recordou as violências verificadas neste verão
europeu pelas ruas de muitas cidades da Inglaterra, encorajando a se defender a "alta
qualidade na educação, oportunidades sociais e mobilidade econômica, e emprego estável".
O
Santo Padre pediu claramente que o bem-estar seja melhor distribuído na sociedade.
Ressaltou caminhos a serem percorridos: "defender os valores essenciais de uma sociedade
sadia, mediante a defesa da vida e da família; uma educação moral dos jovens; uma
fraterna consideração pelos pobres e indefesos. Para isso a Igreja Católica local
continuará dando a sua contribuição, assegurou.
"A Santa Sé e o Reino Unido
continuarão partilhando um interesse comum pela paz entre as nações, o desenvolvimento
integral dos povos no mundo inteiro – em particular pobres e necessitados – e a difusão
dos autênticos direitos humanos", tudo mediante "um estado de direito e um justo governo
participativo", afirmou Bento XVI.
De fato, o Pontífice recordou o bom êxito
da recente histórica visita da rainha Elisabeth à Irlanda, definindo-a "uma etapa
importante no processo de reconciliação com a Irlanda do Norte, que – acrescentou
– felizmente está se tornando cada vez mais estável, apesar de alguns episódios verificados
nos meses passados".
O Santo Padre lançou o seu apelo a fim de que, ao invés
de se recorrer à violência, "se busque sempre o caminho do diálogo em favor da paz
e da prosperidade da comunidade inteira".
E a propósito da inteira comunidade
humana, o Pontífice expressou palavras de apreço pelas iniciativas da Grã-Bretanha
por ser país doador de ajudas e louvou o recente anúncio do Premier David Cameron
de manter as ajudas previstas.
O Papa ressaltou que o desenvolvimento dos países
em dificuldade beneficia também os países ricos e pediu "não somente a criação de
mercados econômicos, mas também a promoção do respeito recíproco e da solidariedade",
à luz da visão cristã dos direitos e da dignidade da pessoa.
Por fim, o Santo
Padre pediu "modelos de desenvolvimento que utilizem os modernos conhecimentos dos
recursos naturais, no respeito pelo ambiente".
O novo embaixador do Reino Unido
junto à Santa Sé, Nigel Marcus Baker – doutor em História –, iniciou a carreira diplomática
em 1989, e desde então, dentre outros, desempenhou diversos encargos em embaixada
e foi embaixador na Bolívia. Justamente nesta sexta-feira completa 45 anos. (RL)