Cidade do Vaticano, 08 set (RV) - O perdão de Deus é tão grande quanto sua
misericórdia.
Jesus disse que devemos perdoar até setenta vezes sete. Trata-se
de um exagero para que possamos entender, simplesmente, que devemos perdoar sempre.
Ninguém teve a chance de perdoar quem quer que seja essa quantidade de vezes.
A
dívida que o empregado tem com o rei, dez mil talentos, é, na prática, impossível
de ser paga. As rendas anuais do rei Herodes, o Grande, não chegavam aos mil talentos
à época de Jesus. Para o empregado, não havia alternativa. O surpreendente é que o
rei o perdoa E, mais surpreendente ainda, é que o empregado se empenha em receber
de volta cem denários do seu companheiro, logo depois de ter recuperado a vida.
Todos
esses exageros nos levam a um dado fundamental: a misericórdia de Deus é tão grande
que não podemos sequer imaginá-la. Quase poderíamos dizer que todas as nossas idéias
sobre o bem e o mal, sobre o pecado, etc., desaparecem diante da misericórdia de Deus.
O amor de Deus por suas criaturas é tão grande que nem mesmo se fala de perdão. É
simplesmente um amor que o cobre todo, que nos envolve totalmente. Como diz São Paulo,
na segunda leitura: “Na vida e na morte pertencemos ao Senhor.”. Ao lado desse amor,
dessa imensa misericórdia, fica claro que qualquer falta que nos faça um de nossos
irmãos é nada, por mais feridos que nos sintamos.
A vitória se Cristo sobre
a morte é a grande lição que devemos aprender. Sua morte nos perdoou os pecados, uma
dívida impagável que tínhamos com Deus. Dessa certeza nasce nosso compromisso de perdoar
sempre e totalmente, exatamente como pedimos no Pai Nosso: “Perdoai as nossas ofensas,
assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”.
+ Eurico dos Santos Veloso Arcebispo
Emérito de Juiz de Fora (MG)