"PELA VIDA GRITA A TERRA. POR DIREITOS TODOS NÓS": FALA DOM GUILHERME WERLANG
Brasília,
07 set (RV) - Em todo o Brasil é celebrado hoje o 17º. Grito dos Excluídos, cujo
lema em 2011 é “Pela vida grita a terra, por direitos, todos nós!”. A Campanha da
Fraternidade deste ano, com o lema “A criação geme em dores de parto” representou
um grito em defesa do planeta e todas as formas de vida. Por isso, o Grito deste ano
é o grito do planeta Terra.
Para explicar a escolha deste tema e sua contextualização,
o Programa Brasileiro contatou Dom Guilherme Werlang, Bispo de Ipameri (GO), Presidente
da Comissão Caridade, Justiça e Paz da CNBB.
“Este ano temos o 17º Grito dos
Excluídos. Temos como tema principal “Pela vida grita a Terra, por direitos todos
nós”. Na verdade, o Grito dos Excluídos surgiu no Brasil no ano de 1994, como uma
continuação da II Semana Social Brasileira, que tinha como tema “Brasil, alternativas
e protagonistas”. Em 1995, em seguimento à Campanha da Fraternidade, começou de fato
a se realizar aquilo que fora pensado e planejado no ano de 1994, como consequência
da IISS.
Estamos tentando, como Igreja, ajudar a conscientizar para a urgência
da necessidade de preservação da vida do planeta Terra. Hoje, a vida humana e todas
as formas de manifestação de vida dependem, em primeiro lugar, de tomarmos consciência
de que a Terra é um ser vivo; é a Mãe de onde brota a vida de todos nós. Deus quis
fazer a Terra e nela colocar a vida, à diferença de outros planetas, de outras estrelas
que também são criação de Deus, mas de onde até o momento não temos notícias de vida.
Aqui nós temos esta condição.
Diante do avanço do capitalismo, do sistema
econômico, do sistema de produção, não se respeita nada; então antes de tudo: pela
vida, grita a Terra. Evidentemente, precisamos olhar aos direitos das pessoas. Este
ano, nós queremos afirmar os principais direitos: à educação, à saúde, ao lazer, à
vida digna das pessoas humanas. Também temos que dentro deste grande tema, “Pela vida
grita a Terra, por direitos, todos nós”, lutar, fazer aparecer a nossa reflexão de
Igreja, das pastorais sociais, dos movimentos sociais, na questão do novo Código Florestal,
que ainda não está pronto, mas que não pode ser aprovado desta forma.
Do pouco
que ainda sobra da biodiversidade, especialmente das matas, das matas ciliares, também
das fontes, das nascentes dos rios, dos córregos, parece que tudo deve ceder espaço
para a produção agropastoril e agropecuária. Queremos refletir de maneira muito forte
sobre tudo isto este ano.
Também o Grito dos Excluídos é simbolicamente colocado
no dia 7 de setembro porque na verdade temos que questionar se a independência, que
nós festejamos e celebramos, é independência para todos, ou se é uma independência
muito relativa ainda pequena, que só contempla quem tem condições econômicas e sociais
mais elevadas. A independência ainda não chegou para milhões de brasileiros que vivem
de cestas básicas, de esmolas de migalhas que sobram deste sistema neoliberal e capitalista
que é como um trator, que vai passando em cima de tudo sem respeitar ninguém”.
A
entrevista, concedida a Cristiane Murray, pode ser ouvida na integra, acessando o
link acima. (CM)