Mogadíscio, 06 set (RV) - A ONU declarou ontem o estado de crise de fome em
outra região da Somália, Bay, que já é a sexta área do sul do país afetada por um
problema que ameaça se expandir ainda mais nos próximos meses.
De acordo com
a Unidade de Análise de Nutrição e Segurança Alimentar da Somália (FSNAU), quatro
milhões de pessoas estão em crise de fome no país. Destas, 750 mil correm o risco
de morrer nos próximos quatro meses se não houver uma resposta adequada.
O
comunicado divulgado em Nairóbi indica que dezenas de milhares de pessoas já morreram,
a metade delas crianças. Além disso, aos atuais afetados pela crise alimentar na Somália
podem se unir outras 50 mil pessoas das áreas agrícolas de Gedo, Juba e Hiran, no
sudoeste da Somália, aponta o órgão vinculado à ONU.
A Somália é o país mais
afetado pela fome e pela seca que castigam o Chifre da África, onde mais de 13 milhões
de pessoas sofrem uma situação de crise humanitária, segundo números das Nações Unidas.
A
FSNAU explicou que a ausência total de precipitações durante a temporada de chuvas
de outubro a dezembro de 2010, somada às poucas que caíram entre abril e junho deste
ano, gerou a pior colheita dos últimos 17 anos.
Outro fator agravante da crise
é a presença da milícia radical islâmica Al Shabab, que controla a maior parte do
sul da Somália e combate para instaurar um Estado muçulmano no país, dificultando
as operações das organizações de ajuda humanitária.
A Médicos Sem Fronteiras
(MSF) denunciou nesta segunda-feira em comunicado que, "apesar dos repetidos esforços
e negociações", ainda não foi possível "iniciar novos projetos e desenvolver novas
atividades no sul da Somália".
Segundo a ONU, o estado de crise de fome é declarado
em uma região quando pelo menos 20% da população sofre com uma falta extrema de alimentos,
mais de 30% sofre desnutrição aguda e a taxa de mortalidade é de mais de duas pessoas
ao dia para cada 10 mil habitantes. (CM)