NO CEARÁ, IGREJA CONSCIENTIZA SOBRE TRABALHO ESCRAVO
Fortaleza, 06 set (RV) - A Comissão Pastoral da Terra (CPT) Ceará e o Mutirão
Pastoral contra o Trabalho Escravo da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB),
buscando implantar o projeto em todo o Ceará, realizaram nos dias 2 a 4, no Sitio
São Francisco, em Horizonte, Ceará, um seminário de formação sobre o Mutirão Pastoral.
Os objetivos foram discutir a problemática do trabalho escravo no Brasil e identificar
situações de escravidão naquele estado, bem como fazer encaminhamentos na linha da
erradicação.
Participou do evento o assessor da Comissão Episcopal Pastoral
para o Serviço da Caridade da Justiça e da Paz, Padre Ari Antônio dos Reis, e mais
dois membros do grupo de trabalho do Mutirão Pastoral contra o Trabalho Escravo, Gabriel
Souza e Francisco Alan. O encontro teve a participação de 20 pessoas de várias dioceses
e pastorais do Ceará.
O encontro está dentro do programa que a CNBB lançou
em 2010: “Ouvi o Clamor do meu Povo: Mutirão Pastoral contra o Trabalho Escravo”,
que busca aproximar a Igreja das situações análogas ao de trabalho escravo em todo
o Brasil e promover ações concretas para a erradicação do trabalho escravo.
Além
das Pastorais Sociais do Regional Nordeste I (Ceará), movimentos sociais também participaram
do momento de Fortaleza.
Nos mesmos dias, ainda no Ceará, a rede “Um Grito
pela Vida” promoveu o Curso de Formação para Multiplicadores na Prevenção e Enfrentamento
ao Tráfico de Pessoas, com a proposta de entender a dimensão atual deste fenômeno
no Ceará.
Estudantes de Jornalismo, Serviço Social e Turismo, religiosas,
agentes de pastorais e do poder público participaram do evento. “Temos que fazer o
invisível tornar-se visível. As pessoas precisam entender a dimensão que é o tráfico
de pessoas”, enfatizaram os organizadores do encontro.
Para a representante
do Núcleo de Enfrentamento e Prevenção ao Tráfico de Seres Humanos e Assistência às
Vítimas do Estado do Ceará, Andréia Costa, um dos principais problemas no estado é
o turismo sexual.
Segundo a rede “Um Grito pela Vida”, as maiores vítimas do
tráfico de pessoas são mulheres, que serão forçadas a se prostituírem. “Não tem como
você saber quem está sendo vítima de tráfico de pessoas. É igual à violência doméstica.
É silenciosa e carregada de preconceitos”, afirma Andréia Costa.
Em outro ponto
da Aquidiocese de Fortaleza, em Horizonte, um grupo articulado pela Pastoral do Migrante
e a Comissão Pastoral da Terra do Regional Nordeste 1 da CNBB (Ceará), se encontraram
para refletirem sobre o que é trabalho escravo e partilharem sobre a realidade no
Ceará.
“Precisamos entender que trabalho escravo é aquele que priva a liberdade
e coloca o trabalhador em situação degradante. Hoje ele está também nas cidades, dentro
das fábricas, na construção civil e no trabalho informal”, ressalta o coordenador
da Comissão Pastoral da Terra (CPT) do Regional, Thiago Valentim. (CNBB-CM)