Todos somos chamados a aceitar a correcção fraterna - Palavras do Papa , antes da
oração Mariana do Angelus, onde anunciou a sua visita pastoral domingo próximo a Ancona
para a missa conclusiva do XXV Congresso Eucarístico italiano
(4/9/2011) Numerosos os fiéis, reunidos hoje ao meio dia no pátio da resistência
pontifícia de Castel Gandolfo para ouvir as palavras do Papa e recitar com ele a Oração
Mariana do Angelus.
Partindo das leituras da missa deste domingo, Bento XVI
centrou a sua reflexão sobre a caridade fraterna na comunidade dos crentes. Caridade
que, derivando do amor de Deus para connosco, nos recorda que devemos amar o próximo
como a nós mesmos. Mas o amor fraterno comporta responsabilidade recíproca. Então
se um irmão em Cristo comete uma falta, devemos agir na linha da correcção fraterna,
tendo em conta que com essa falta ofende sim a outra pessoa, mas incute também em
si próprio uma ferida. Uma ferida que é um afastamento de Cristo, da comunidade cristã.
Então é preciso agir, pensando não só na ofensa, como também ajudando-o a libertar-se
dessa ferida, isto é, falar com ele, fazendo-lhe compreender que agiu mal. E se não
aceitar continua-se o processo progressivamente, envolvendo mais pessoas e mesmo a
comunidade, se necessário, por forma a levá-lo a compreender que com o seu erro afastou-se
da comunhão da Igreja. Esta forma de agir – disse o Papa – mostra que há corresponsabilidade
no caminho da vida cristã. Quer dizer, cada um, consciente do próprios limites e defeitos
é chamado a acolher a correcção fraterna e ajudar o outro com este particular serviço.
Um outro fruto da caridade cristã – disse o Papa – é a oração concorde. Sem
excluir a oração pessoal que é indispensável, devemos exercitar-nos na oração comum,
sinal de comunhão entre as pessoas, no seio da comunidade cristã. Jesus recordava
que onde duas ou três pessoas estão reunidas em seu nome, Ele está no meio deles.
Então, há que exercitar-se tanto na correcção fraterna que requer muita humildade
e simplicidade de coração, como na oração.
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Depois da recitação
das Ave Marias, Bento XVI referiu-se ao XXV Congresso Eucarístico Nacional italiano
que iniciou hoje em Ancona, Itália centro-oriental, e que será concluído por ele próprio
no próximo domingo….
“Domingo próximo, se Deus quiser, terei a alegria de
me deslocar a Ancona ara o dia culminante do Congresso. Dirijo, desde já, a minha
saudação cordial e a minha bênção a quantos participarão neste evento de graça, que
no santíssimo Sacramento da Eucaristia adora e louva Cristo, fonte de vida e de esperança
para cada homem e para o mundo inteiro”.
O Papa prosseguiu depois, saudando
os fiéis em seis diferentes línguas, concluindo com uma saudação particular ao numeroso
grupo de membro das ACLI, Associação Italiana de trabalhadores Cristão italianos,
no final do seu encontro de estudo sobre o tema do trabalho, a 30 anos da publicação
da Encíclica “Laborem Exercens” do agora Beato Papa João Paulo II. Joseph Ratzingher
disser ter apreciado muito a atenção que estes “caros amigos” deram a este documento
que permanece um dos alicerces da doutrina Social da Igreja. ***
Mas voltemos
ao Congresso Eucarístico italiano que se iniciou este domingo, 4, em Ancona e se prolonga
ao longo da semana com reflexões sobre as relações entre a Eucaristia e a vida quotidiana.
Nessas reflexões tomarão parte milhares de pessoas, estando prevista para a visita
do Papa a participação duns trezentos mil fiéis provenientes não só doutras partes
da Itália, mas também doutros países vizinhos. * Na homilia da missa de abertura
esta manhã, o legado do Papa, Cardeal Giovani Maria Battista Ré, disse que este Congresso
quer ser um momento de adoração e reflexão para celebrar o grande dom da presença
real de Cristo na Eucaristia através do pão e do vinho. Um convite a pôr-nos perante
o mistério do amor de Deus, a fim de reavivar a nossa fé e proclamar-mos a nossa decisão
de permanecer fieis em Cristo. Explicando depois que a instituição da Eucaristia
tem a sua razão de ser no amor de Deus por nós, o Cardeal disse que a presença de
Cristo na Eucaristia não é fantasia. É uma realidade, uma realidade misteriosa, que
só pode ser percebida através da fé. E para quem não tem fé, para a sociedade
actual marcada pela crise da fé em Deus, o que representa esse mistério da Eucaristia
que o Concilio Vaticano II, citado pelo Cardeal Ré, definiu fonte, ápice, centro,
vértice da missão da Igreja no mundo? A eucaristia – frisou o cardeal - é para o
mundo de hoje um importante ponto de partida, capaz de dar respostas às aspirações
profundas do coração humano e aos grandes desafios da sociedade. Ela contém, de facto,
a essência da resposta cristã a quantos, fascinados pela capacidade criativa e pela
admiráveis conquistas da inteligência humana, tendem a esquecer o Criador e ter a
ilusão de poder determinar tudo, inclusive o próprio destino. Mas não obstante esta
ilusão, não conseguem anular do próprio íntimo a aspiração ao infinito ínsito no coração
de cada um de nós. Este Congresso Eucarístico, é portanto, um convite a abrir-se
ao mistério de Deus, a não ter medo de manifestar a própria fé. É uma ocasião a encontrar
em Cristo a força de mudar a própria vida e a sociedade, pois que a Eucaristia é
o motor da sociedade, o ponto de partida para a nova Evangelização. Dizia o Apóstolo
Pedro: Senhor para quem havemos de ir? Tu tens palavras de vida eterna. Tu és a via,
a verdade e a vida! O encontro com Cristo através da Eucaristia – concluiu o Cardeal
Giovani Battista Ré convida também à solidariedade para com os necessitados, a saber
amar, a perdoar, a trabalhar para o bem comum, a inscrever os valores cristãos na
vida social, política que, hoje, mais do que nunca, precisa dum impulso de renovação
na honestidade, rectidão moral, justiça e solidariedade.