Rio de Janeiro, 03 set (RV) - Neste final de semana a Palavra de Deus ilumina
nossas vidas e, principalmente, responde a tantos questionamentos sobre a nossa vida
como Igreja. Ela é santa e pecadora! Santa enquanto instituída por Cristo e tem todos
os meios para a Salvação de todos. Pecadora em seus membros que caminham ainda na
penumbra e não se converteram.
O conceito da Igreja "santa, mas composta por
membros pecadores", também significa que a comunidade eclesial inteira tende à perfeição
e constantemente aspira à santidade: ser santos, isto é, perfeitos como o vosso Pai
do céu, é o objetivo fundamental de cada cristão, e para este fim existem os meios
da graça, e, em especial os Sacramentos.
Acabamos de celebrar o mês vocacional
que, recordando-nos da oração pelas diversas vocações, nos indica, no entanto, que
a nossa vocação comum é a santidade. E é justamente essa direção que buscamos. A Palavra
de Deus que celebramos neste mês da Bíblia é luz para o nosso caminho de conversão.
A Igreja é, portanto, uma comunidade de pessoas no vínculo da comunhão com
Cristo, Cabeça, e uns com os outros. Todos devem tender à conversão e a comunhão com
Deus. Todos os batizados são chamados ao arrependimento e à renúncia ao pecado, justamente
por causa da vocação comum de todos os batizados à santidade.
Todos estes
objetivos são atingidos por meio da oração, dos recursos espirituais que temos e dispomos,
pelo dom da graça que está presente nos Sacramentos, especialmente no Sacramento da
Penitência e da Eucaristia, mas também pela capacidade de estabelecer comunhão e solidariedade
entre nós. Os santos não se tornam, assim, sozinhos, mas dentro da estrutura da comunhão
da comunidade eclesial.
A Liturgia da Palavra nos mostra neste domingo um
aspecto essencial da vida cristã, que é de grande ajuda para alcançar a santidade
comum, isso nós chamamos correção fraterna. Como o livro do Apocalipse: "Aqueles a
quem eu amo, eu repreendo e castigo" (Ap 3, 19). Anota, ainda, mais explicitamente
e de modo convincente a Carta aos Hebreus: “estais sendo provados para vossa correção.
É Deus que vos trata como filhos, pois qual é o filho que o pai não corrige? Com efeito,
nenhuma correção parece de momento agradável, mas dolorosa. Mais tarde, porém, dará
frutos de paz e de justiça aos que nela foram exercitados. Levantai, pois, as mãos
fatigadas e os joelhos trêmulos. Dirigi vossos passos pelo caminho reto, a fim de
que o membro deficiente seja curado.”. (cfr. Hb 12, 7, 10-12.).
O que rejeita
a correção fraterna não reconhece o amor de Deus. Porém, correção fraterna não deve
ser confundida com o pretexto de um domínio, não se está exercendo um estrangulamento
apertado sobre o seu irmão, como se nós mesmos não fôssemos capazes de errar.
A
correção deve ser exercida com sensibilidade e com verdadeiro espírito de diálogo
e de fraternidade. Se um irmão é errado porque o seu comportamento gera preocupação
de todos, é necessário que ele melhore o seu proceder, e a intervenção da Igreja,
quando necessário, pode ser decisiva. Mas ele também sabiamente prevê que o irmão
pode não mudar a vida e persistir no erro: tudo depende de sua liberdade e a consciência
que a anima.
Onde, no entanto, apesar da correção, não a aceita e persiste
no erro, fica claro que fez a sua escolha de continuar no pecado, devemos, então,
considerá-lo alguém que ainda tem que ser iniciado na fé: um pagão.
Se um
irmão está errado, se ele incide no erro, mas em nome de uma falsa amizade ou do medo
você deixá-lo continuar nessa lacuna, acabaremos sendo corresponsáveis pelo delito
dele porque não o ajudamos na correção fraterna. Neste Evangelho, Jesus convida-nos
a aprender a ter um diálogo construtivo entre nós, através da transparência. Isso
se faz, especialmente, manifestando ao outro o mal que fez e indicando um caminho
de cura.
Qual é a chave para começar? O amor, a capacidade de perdoar, o que
impede que o outro se coloque na defensiva e que me torna consciente de que eu, primeiramente,
é que tenho necessidade de ser perdoado por Deus e pelos irmãos. Isto nos recorda
a segunda leitura deste domingo.
Nesta semana, peçamos a Deus aprender a não
ser omissos, e sim responsáveis pela vida de nossos irmãos e tudo fazer por amor,
procurando sempre o caminho da santidade.
Nestes dias tivemos oportunidade
de celebrar a presença mariana com a imagem peregrina de Nossa Senhora de Nazaré:
que a estrela da evangelização interceda por nós para vivermos com alegria nossa vocação
comum, que é a santidade, sempre escutando o seu Filho, fazendo tudo o Ele nos diz.
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Orani João Tempesta, O. Cist. Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de
Janeiro, RJ