NOVOS PROTESTOS DOS INDÍGENAS NA BOLÍVIA CONTRA ESTRADA QUE CORTA ÁREA PROTEGIDA
Cochabamba, 29 ago (RV) – “Por favor, sentemo-nos com o sentimento de esperança
e abramos um diálogo para encontrar uma saída ao problema e uma via de comunicação
que possa satisfazer a todos”. Esse foi o apelo do Arcebispo de Cochabamba, Dom Tito
Solari Capellari, diante dos protestos de diversos grupos indígenas contra a construção
da auto-estrada que atravessará suas terras.
A auto-estrada, pelo projeto
atual, irá atravessar o “Território Indígena e Parque Nacional Isiboro Secure”, reserva
natural onde moram os indígenas. A área está ameaçada por essa rodovia que, partindo
do centro da Bolívia, levará matérias-primas às fronteiras com o Brasil, ligando o
comércio do Pacífico ao Atlântico.
Em 2010, as populações indígenas conseguiram,
na Justiça, a obter a suspensão do projeto pelo período de um ano. Agora foi aprovada
a construção da parte inicial da auto-estrada e permitido o início das obras, por
isso, os indígenas voltaram a protestar publicamente.
A primeira marcha chegou
à capital, La Paz, em 2 de agosto, para a qual reuniram-se diversas tribos, todas
contrárias à construção que corta o território por eles chamado de “A Grande Casa”.
E em 17 de agosto um novo protesto começou a tomar forma com, pelo menos, 500 ativistas.
Essa próxima marcha vai percorrer 600 quilômetros, culminando na capital boliviana.
Os
indígenas protestam porque ela viola uma área protegida e porque não foram consultados.
O Arcebispo de Cochabamba pede que os envolvidos discutam o caso com calma e considerando
o que diz a Constituição do país, que garante os direitos dos indígenas.
A
estrada deverá custar 415 milhões de dólares, terá 305 quilômetros e vai atravessar
reservas protegidas e a floresta amazônica. (ED)