NICARÁGUA: "IGREJA NÃO SE CALARÁ DIANTE DA VIOLÊNCIA"
Manágua, 29 ago (RV) – O bispo auxiliar de Manágua, Dom Silvio Báez, disse
ontem que a Igreja Católica não se calará diante dos abusos e ilegalidades na Nicarágua,
mesmo que os sacerdotes o paguem com suas vidas.
“Vamos continuar denunciando
tudo o que houver de injustiça, corrupção, ilegalidade e violência nesta sociedade,
mesmo que isto custe a nossa vida e nos leve à morte” – advertiu o bispo na homilia
dominical celebrada na Catedral de Manágua.
O religioso se referiu ao tema
depois de mencionar que esta semana viveu-se “com profunda dor o brutal assassinato”
do sacerdote Marlon Ernesto Pupiro García, que foi encontrado morto na última terça-feira.
Ele exigiu que as autoridades resolvam com a verdade e a justiça a morte de
Padre Pupiro, qualificado por ele como “sacerdote exemplar, dedicado, engajado e amado
por seu povo”. Aos 40 anos, pároco da Igreja da Imaculada Conceição no município de
La Concepción, em Masaya, foi morto no último fim de semana. A polícia, que está indagando
sobre o homicídio, prendeu sete pessoas ligadas à criminalidade.
Dom Báez
revelou que depois deste crime, muitos fiéis lhe perguntaram se ele e o Arcebispo
de Manágua, Dom Leopoldo Brenes, continuarão a exercer o ministério “nesta mesma linha”.
“Sim, vamos continuar sendo fiéis ao Senhor, ao Evangelho e à Igreja” – respondeu
aos jornalistas.
E continuou dizendo que os nicaraguenses também devem se
opor e denunciar os problemas, sem medo de perder privilégios ou a própria vida. “Chegou
o momento em que devemos levar à sério o discipulado e seguir Jesus pelo vertente
da fidelidade à nossa fé, às custas de nossas próprias vidas” – afirmou.
Outro
bispo nicaraguense, Dom Abelardo Mata, denunciou na última semana que vários sacerdotes
receberam ameaças de morte. (CM)