BENTO XVI NO ANGELUS: SOMENTE DEUS PODE DAR AO HOMEM A ALEGRIA QUE NÃO PASSA
Castel Gandolfo, 28 ago (RV) - Bento XVI assomou, ao meio-dia deste domingo,
ao balcão que dá para o pátio interno da residência pontifícia de Castel Gandolfo
– onde se encontra neste período de verão europeu – para rezar com milhares de fiéis
e peregrinos presentes a oração do Angelus.
Na alocução que precedeu
a oração mariana, o Santo Padre destacou a página do Evangelho deste XXII Domingo
do Tempo Comum.
"O cristão segue o Senhor quando aceita com amor a sua cruz":
disse o Pontífice. Somente Deus pode dar aos homens a alegria que não passa, não bastam
o sucesso e o bem-estar, mas o caminho que leva à felicidade é o caminho misterioso
cruz: de fato, Bento XVI comentou o Evangelho deste domingo, em que Jesus anuncia
aos discípulos que deverá morrer e depois ressurgir.
Pedro protesta, se rebela.
"Mostra-se evidente a divergência entre o desígnio de amor do Pai – que chega a dar
o Filho Unigênito na cruz para salvar a humanidade – e as expectativas, os desejos,
e os projetos dos discípulos":
"E esse contraste se repete também hoje: quando
a realização da própria vida é orientada somente para o sucesso social, ao bem-estar
físico e econômico, já não mais se raciocina segundo Deus, mas segundo os homens.
Pensar segundo o mundo é colocar Deus de lado, não aceitar o seu projeto de amor,
quase impedir-lhe de realizar o seu sapiente querer."
Por isso, Jesus diz a
Pedro uma palavra particularmente dura: "Afasta-te de mim, Satanás! Tu me serves de
pedra de tropeço":
"O Senhor ensina que 'o caminho dos discípulos é um segui-Lo,
ir após Ele, o Crucificado. Em todos os três Evangelhos explica, todavia, esse segui-Lo
no signo da cruz... como o caminho do <>, que é necessário para
o homem e sem o qual não lhe é possível encontrar a si mesmo' (Jesus de Nazaré, Milão
2007, 333)."
Como aos discípulos, assim também a nós Jesus dirige o convite:
"Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me":
"O
cristão segue o Senhor quando aceita com amor a própria cruz, que aos olhos do mundo
parece uma derrota e uma 'perda da vida', sabendo não carregá-la sozinho, mas com
Jesus, partilhando o seu mesmo caminho de doação... Aceitando voluntariamente a morte,
Jesus carrega a cruz de todos os homens e se torna fonte de salvação para toda a humanidade."
Após
a oração mariana, falando em italiano, o Papa saudou alguns dos clérigos presentes
no Angelus, dentre os quais, o Bispo de Petrópolis, RJ, Dom Filippo Santoro,
e 17 sacerdotes.
Falando aos de língua francesa, disse, dentre outras coisas:
"O
caminho da cruz é um caminho exigente, porque requer uma conversão permanente do nosso
coração, deixando-nos transformar pela vontade de Deus. Não tenhamos medo de empenhar-nos,
porque este é um caminho de vida!"
A cruz não é um caminho de aniquilamento,
mas de confiante abandono nas mãos de Deus. A cruz é libertadora porque vence "o pecado
de presunção" do homem que pensa encontrar a alegria por si mesmo.
Mas somente
Deus "é capaz de satisfazer o nosso mais íntimo anseio de felicidade eterna". O Pontífice
precisou isso falando aos peregrinos de língua alemã, recordando um pensamento de
Santo Agostinho, cuja memória celebramos neste domingo:
""Se queres ter alegria
eterna, agarra-te Àquele que é eterno." A felicidade que não passa – prosseguiu –
"é o desejo mais profundo de toda pessoa. Somente Deus dá essa alegria eterna". Mas
é preciso abrir-se a seu amor."
Era grande a alegria dos presentes no pátio
interno da residência pontifícia de verão de Castel Gandolfo, muitos dos quais, jovens,
que recriaram um pouco a atmosfera da JMJ de Madri. O Papa concluiu desejando a todos
um bom domingo e agradecendo pelo entusiasmo.
O Santo Padre concedeu, a todos,
a sua Bênção apostólica. (RL)