CINCO ANOS SEM DOM LUCIANO: A ABERTURA DA CAUSA DE BEATIFICAÇÃO
Cidade
do Vaticano, 27 ago (RV) - Sábado, 27 de agosto, marca a lembrança saudosa de
Dom Luciano Mendes de Almeida, pois decorrem 5 anos de sua morte.
Passado
este prazo, previsto no Código Canônico, abrem-se hoje as portas para a causa de beatificação.
Quem revela é sucessor de Dom Luciano, atual Arcebispo de Mariana, Dom Geraldo Lyrio
Rocha:
“A Arquidiocese de Mariana encaminhará à Congregação das Causas dos
Santos o pedido de autorização para iniciar o processo, que se chama... Nihil Obstat,
sem o qual não é possível prosseguir. Depois de obtida a permissão, vamos dar os passos
seguintes: a composição de um Tribunal específico para conduzir a causa, e isto só
pode ser feito com a permissão da Congregação. É o que faremos, se Deus quiser. Espero
que tudo isso possa ocorrer no prazo mais breve possível. O pedido que vou encaminhar
à Congregação para as Causas dos Santos vai respaldado pela assinatura de mais de
200 bispos brasileiros. Elas foram colhidas na última Assembleia Geral da CNBB, em
maio, em Aparecida. Mais de 300 bispos, isto é, todos os que estavam lá presentes,
assinaram este apoio ao pedido que a Arquidiocese de Mariana pretende encaminhar à
Santa Sé. Aí então, o tribunal vai ouvir os depoimentos das pessoas que serão chamadas
a depor no processo mediante um questionário que é elaborado pela própria Santa Sé,
pela Congregação. Há todo um ritual e muitas formalidades que são determinadas no
procedimento de um processo para a beatificação”.
Conhecido como o “pastor
dos esquecidos” nasceu em 5 de outubro de 1930, no Rio de Janeiro; ingressou na Companhia
de Jesus em 2 de março de 1947, em Itaici; ordenado sacerdote em 5 de julho de 1958,
em Roma e em 2 de maio de 1976 foi ordenado bispo, recebendo a missão de bispo-auxiliar
da Arquidiocese de São Paulo. Em 6 de abril de 1988, foi nomeado Arcebispo Metropolitano
de Mariana.
Como o definiu Pe. João Batista Libânio, na Laudatio que proferiu
a 3 de maio de 2006, por ocasião da conferição a Dom Luciano do título de Doctor honoris
causa pela Faculdade de Teologia da Companhia de Jesus, Dom Luciano era alguém consciente
da fraqueza, da miséria, do sofrimento, dos limites do ser humano e de nossa pequenez
em socorrê-lo. No entanto, isso não lhe parou a busca insaciável de aproximar-se o
máximo possível de quem está diante para servi-lo e ajudá-lo.
E como ele mesmo
dizia, “no mais profundo da consciência, nunca senti o vazio nem a escuridão. Deus
sempre estava presente, confidente de todas as horas, sustentando a esperança e dando
a paz”.
Dom Geraldo destaca a espiritualidade inaciana de Dom Luciano Mendes
de Almeida:
“Dom Luciano é uma figura muito rica, cheia de dimensões da sua
própria vida e espiritualidade que merecem imensa admiração e justificam esta profunda
veneração. Ele era um jesuíta muito identificado com sua vocação e ele deixa estas
marcas também no seu próprio ministério. Só para dar um exemplo de uma coisa bem concreta,
bem visibilizada: era um pregador de retiros, retiros inacianos. Ele mesmo pregou
inúmeros retiros por todo o Brasil. É raro o clero de uma diocese que não tenha feito
um retiro pregado por Dom Luciano. Na Arquidiocese de Mariana ele pregou muitos retiros:
para leigos, religiosos, religiosas, além de muitíssimos retiros para seminaristas.
Este traço é admirável, entre tantos outros. Mas o que queria sublinhar, já que falamos
do traço inaciano de Dom Luciano como jesuíta, eu colocaria este como um deles. Não
é o único, não é o exclusivo, mas tem uma extrema relevância: era um homem profundamente
identificado com a espiritualidade inaciana e foi um jesuíta que assumia com muita
alegria esta sua consagração na Companhia de Jesus. Era um jesuíta de verdade. Um
bispo que nunca se esqueceu que era bispo, sim, mas um bispo jesuíta”. (CM)