Cidade
do Vaticano, 26 ago (RV) – As facções da Jihad islâmica da Faixa de Gaza anunciaram
um cessar-fogo unilateral a partir da meia-noite desta sexta-feira. A aceitação da
trégua por parte dos grupos da Jihad e do Hamas teria sido conseguida por meio da
junta militar que comanda o Egito desde março. Entretanto, para o exército israelense
o alerta ainda é alto e os militares de Israel estão prontos a retomar os bombardeios
na Faixa de Gaza caso os ataques voltem acontecer. Sobre as razões que levaram o Hamas
a proclamar a trégua, a Rádio Vaticano conversou com Antonio Ferrari, enviado especial
à região em conflito do jornal Corriere della Sera.
“É o resultado de um alarme:
seja para o Egito, seja para o Hamas. De fato se recordarmos o recente atentado em
Eliat, com os extremistas que vieram do Monte Sinai, uma área que até pouco tempo
estava desmilitarizada, poderemos encontrar uma possível explicação: o Egito – que
hoje vive uma realidade um pouco mais confusa de quando Mubarak estava no poder –
agora governado por um junta militar, que deve preparar o país para as eleições, não
pode tolerar o forte deterioramento da crise palestino-israelense. Por outro lado,
o Hamas deve confirmar sua posição central a respeito aos grupos da Jihad, propondo
o cessar-fogo unilateral”.
Apesar dos conflitos, os palestinos continuam elaborando
o projeto que será apresentado às Nações Unidas solicitando o reconhecimento como
Estado. No Conselho de Segurança, a China disse não se opor ao eventual desenvolvimento
do Estado palestino.
“Não se opor é uma coisa, votar a favor é uma outra.
Provavelmente a China não deve ser opor e poderia também votar a favor, mas a China
é somente um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança. Eu creio que
as pressões, outra vez, cairão sobre os próprios palestinos. Abu Mazen já declarou
mais de uma vez: ‘quero resultados, porque se não tenho resultados é claro e evidente
que terei pouca legitimidade diante do meu povo e isso justamente no momento em que
estão sendo reconstruídas as bases para um acordo entre a Autoridade Nacional Palestina
(Anp), os laicos e os fundamentalistas’. Se não existe qualquer resultado é claro
que o risco ou a possibilidade de proceder com a autoproclamação é forte”. (RB)