Roma, 26 ago (RV) - O Presidente da Pontifícia Academia para a Vida, Dom Ignacio
Carrasco da Paula, explicou ao grupo ACI/EWTN Notícias que a maternidade deve recuperar
seu significado original de dom de Deus e não ser vista como uma enfermidade. Dom
Carrasco assinalou que “a reação diante da notícia da maternidade deve voltar a ser
o que foi sempre, uma reação de alegria que leva as pessoas a darem parabéns às mães,
e não 'sinto muito'”, como se diz às pessoas quando elas têm uma doença.
O
prelado recordou que o Beato João Paulo II foi o incentivador da criação de um dicastério
dedicado à defesa da vida há mais de 25 anos. “Ele foi o primeiro em perceber que
a Igreja necessitava de uma academia que se dedicasse aos temas de vida como é a biomedicina,
ou a biotecnologia”, explicou.
Dom Carrasco assinalou ainda que neste último
ano centraram seu interesse em três objetivos: o trauma pós-aborto, os bancos de cordões
umbilicais, e os tratamentos para a infertilidade. Em referência à etapa pós-aborto,
é necessário “buscar definir no que consiste, se existe algum remédio e como se cura”.
Também se referiu aos novos problemas éticos que surgem em torno de iniciativas
como os bancos de cordão umbilical dos recém-nascidos onde há conflitos “de natureza
econômica” porque “se converteu em um novo mercado onde há oferta e há demanda, e
aí obviamente é quando entra um fator de natureza mercantil aos problemas de tipo
éticos”.
Do mesmo modo, explicou que os tratamentos de fertilização in vitro
têm “problemas morais muito sérios porque a criança normalmente vem fecundada em um
laboratório, e se converte em um objeto muito fácil para a manipulação”. A este problema
se une a ausência de moral ao escolher quais zigotos viverão e quais serão destinados
à morte ou à investigação, “estas fecundações precisam acontecer após um exame de
seleção no qual ficam descartados alguns embriões”, denunciou.
Em fevereiro
de 2012, a Academia pela Vida celebrará uma assembléia para alentar práticas a favor
da procriação de acordo com a dignidade da pessoa, desde a etapa embrionária até a
morte e em defesa da maternidade como dom de Deus. Dom Carrasco explicou que os novos
estudos do dicastério incluem progressos extraordinários neste campo pois se encontraram
vias que ajudam à fertilidade sem necessidade de recorrer a procedimentos mais caros
e que têm estes problemas éticos tão graves como a redução embrionária. Esta prática
– envolvida na fecundação in vitro - consiste em provocar a morte de vários embriões
dentro do útero materno. “Muitas vezes restam menos de três, dois ou um só, infelizmente
isto é feito. É uma praxe lamentavelmente diária, de rotina”, denunciou.
Dom
Carrasco de Paula também recordou que a defesa da vida inclui assistir às pessoas
que enfrentam a última fase de suas peregrinações na terra. “Nesta última grande prova
que devem superar, necessitam uma particular ajuda e por ajuda entendo não só a fase
técnica, mas também a assistência pessoal, de afeto, de consideração, de respeito
à sua dignidade”, indicou. É preciso recordar “que estas não são pessoas que deixaram
de ser interessantes para a sociedade ou que se converteram em seres inúteis e que
não têm nada que dizer”, concluiu. (SP)