Igreja alerta para tragédia infantil na Somália. 10% das crianças com menos de cinco
anos morreram em 11 semanas por causa da fome e da propagação de doenças
(24/8/2011) A fome e a propagação de doenças como o sarampo ou a poliomielite estão
a causar um “forte aumento” no número mortes de crianças com menos de cinco anos na
Somália, revela a Caritas local. Um novo relatório da organização católica para
a solidariedade e ajuda humanitária sublinha que “a cada 11 semanas”, dez por cento
das crianças somalis com menos de cinco anos “perde a vida”. A situação é agravada
pelas precárias condições nos campos de refugiados, onde a falta de vacinas e de condições
de higiene tem permitido a difusão de doenças infeciosas ou provocadas pela contaminação
das águas. “As estruturas de saúde da Somália estão a tentar enfrentar a chegada
maciça de deslocados internos que estão a lotar os centros urbanos em busca de assistência”,
afirma o ‘Situation report’ da Caritas Somália, enviado à agência Fides, do Vaticano. A
seca que fustiga atualmente o Corno de África, considerada a pior dos últimos 60 anos,
já provocou dezenas de milhares de mortos e constitui uma ameaça para mais de 12 milhões
de pessoas na Somália, no Quénia, na Etiópia, no Djibouti, no Sudão e no Uganda. A
Igreja Católica, indica a Caritas, está a colaborar com os parceiros locais nas “atividades
de assistência às pessoas mais vulneráveis e às famílias desabrigadas nos maiores
centros do país”, com o envio de bens de primeira necessidade, alimentos e assistência
sanitária. A falta de alimentos obrigou dezenas de milhares de somalis a empreender
longas viagens para campos que estão além-fronteiras, principalmente no Quénia e na
Etiópia. “Há vários anos que a Somália vive numa situação de conflito o que tem
limitado a ajuda humanitária, especialmente no sul, que é controlado por movimentos
islâmicos que se opõem ao regime”, acrescenta a Caritas. No início de 2011, a assistência
humanitária abrangia 850 mil somalis e atualmente passou a abranger 2,85 milhões,
um terço da população da Somália. As Nações Unidas declararam as regiões de Bakool
e Lower Shabelle, no sul da Somália, zonas de fome, mas outras regiões do país enfrentam
uma acentuada escassez de alimentos. No Quénia, mais de 3,6 milhões de pessoas
precisam de ajuda de emergência”, segundo a Caritas, mas os números poderiam chegar
aos cinco milhões, se a situação piorar. Alistair Dutton, diretor humanitário da
Caritas Internacional, diz que a Somália é o país mais atingido porque “não há sistemas
locais para ajudar as pessoas, seja de que forma for”. “Não houve colheitas e não
há Estado para servir as pessoas”, lamenta. A Caritas está a promover o abastecimento
de água potável, alimentos para menores de cinco anos e suas mães, suporte veterinário
e alimentação para os bovinos. A organização católica lançou ainda iniciativas
a longo prazo, para ajudar as comunidades locais a conservar e usar melhor água, através
da construção de poços e da implantação de práticas agrícolas mais eficientes.