Discurso do Papa durante a visita á fundação "Instituto S. José" de Madrid
(20/8/2011) Senhor Cardeal Arcebispo de Madrid, Queridos Irmãos no Episcopado, Queridos
sacerdotes e religiosos da Ordem Hospitaleira de São João de Deus, Distintas
Autoridades, Queridos jovens, familiares e voluntários aqui presentes!
De
coração vos agradeço a amável saudação e o cordial acolhimento que me dispensastes. Nesta
noite, antes da Vigília de oração com os jovens de todo o mundo que vieram a Madrid
para participar nesta Jornada Mundial d Juventude, temos a ocasião de passar alguns
momentos juntos e poder-vos assim manifestar a solidariedade e o apreço do Papa por
cada um de vós, pelas vossas famílias e por todas as pessoa que vos acompanham e cuidam
nesta Fundação do Instituto São José. A juventude, como recordei outras vezes,
é a idade em que a vida se revela à pessoa em toda a riqueza e plenitude das suas
potencialidades, incitando à busca de metas mais altas que dêem sentido à mesma. Por
isso, quando o sofrimento assoma ao horizonte duma vida jovem, ficamos desconcertados
e talvez nos interroguemos: Poderá a vida continuar a ser grande, quando irrompe nela
o sofrimento? A este respeito, escrevi na minha encíclica sobre a esperança cristã:
«A grandeza da humanidade determina-se essencialmente na relação com o sofrimento
e com quem sofre. (…) Uma sociedade que não consegue aceitar os que sofrem e não é
capaz de contribuir, mediante a compaixão, para fazer com que o sofrimento seja compartilhado
e assumido mesmo interiormente é uma sociedade cruel e desumana» (Spe salvi, 38).
Estas palavras reflectem uma larga tradição de humanidade que brota da oferta que
Cristo faz de Si mesmo na Cruz por nós e pela nossa redenção. Jesus e, seguindo os
seus passos, a sua Mãe Dolorosa e os santos são as testemunhas que nos ensinam a viver
o drama do sofrimento para o nosso bem e a salvação do mundo. Estas testemunhas
falam-nos, antes de mais nada, da dignidade de cada vida humana, criada à imagem de
Deus. Nenhuma aflição é capaz de apagar esta efígie divina gravada no mais fundo do
homem. E não só: desde que o Filho de Deus quis abraçar livremente a dor e a morte,
a imagem de Deus é-nos oferecida também no rosto de quem padece. Esta predilecção
especial do Senhor por quem sofre leva-nos a contemplar o outro com olhos puros, para
lhe dar, além das coisas exteriores que precisa, aquele olhar de amor que necessita.
Mas isso, só é possível realizá-lo como fruto de um encontro pessoal com Cristo. Bem
conscientes disto sois vós, religiosos, familiares, profissionais da saúde e voluntários
que viveis e trabalhais diariamente com estes jovens. A vossa vida e dedicação proclamam
a grandeza a que é chamado o homem: compadecer-se e acompanhar quem sofre, como o
fez o próprio Deus. E, no vosso maravilhoso trabalho, ressoam também estas palavras
evangélicas: «Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a
Mim mesmo o fizestes» (Mt 25, 40). Por outro lado, vós sois também testemunhas
do bem imenso que constitui a vida destes jovens para quem está ao seu lado e para
a humanidade inteira. De maneira misteriosa mas muito real, a sua presença suscita
em nossos corações, frequentemente endurecidos, uma ternura que nos abre à salvação.
Sem dúvida, a vida destes jovens muda o coração dos homens e, por isso, damos graças
ao Senhor por tê-los conhecido. Queridos amigos, a nossa sociedade – onde demasiadas
vezes se põe em dúvida a dignidade inestimável da vida, de cada vida – precisa de
vós: vós contribuís decididamente para edificar a civilização do amor. Mais ainda,
sois protagonistas desta civilização. E, como filhos da Igreja, ofereceis ao Senhor
as vossas vidas, com as suas penas e as suas alegrias, colaborando com Ele e entrando,
de algum modo, «a fazer parte do tesouro de compaixão de que o género humano necessita»
(Spe salvi, 40). Com íntimo afecto e por intercessão de São José, de São João
de Deus e de São Bento Menni, confio-vos de todo o coração a Deus nosso Senhor: Seja
Ele a vossa força e o vosso prémio. Como sinal do seu amor, concedo-vos, a vós e a
todos os vossos familiares e amigos, a Bênção Apostólica.