Passado de Bento XVI como professor universitário torna-o sensível às «inquietações»
do ensino superior
(19/8/2011) O arcebispo de Madrid e um professor do ensino superior salientaram hoje
que o passado de Bento XVI como docente universitário torna-o sensível às “inquietações
e aspirações” do ensino superior. “O Papa conhece por dentro, desde os anos mais
jovens da sua vida, a instituição universitária e as vicissitudes de toda a ordem
que ela atravessou, desde o final da 2.ª Guerra Mundial até hoje”, sublinhou o cardeal
Rouco Varela. O prelado discursou na basílica de São Lourenço do Escorial, a 50
km da capital espanhola, durante a saudação que antecedeu a intervenção de Bento XVI
a 1500 docentes jovens de universidades católicas espanholas e de países dos cinco
continentes. D. Rouco Varela destacou que a notícia do encontro do Papa com professores
e investigadores em universidades católicas foi recebida com “inusitado interesse”,
dado ser a primeira vez que se inclui no programa da Jornada Mundial da Juventude
(JMJ). “A vossa condição de insigne professor universitário faz-vos especialmente
sensível às nossas inquietações e aspirações numa época em que não é fácil viver como
cristãos coerentes” dentro da academia, acentuou por seu lado um dos docentes, dirigindo-se
a Bento XVI. Na intervenção proferida após a saudação do arcebispo, o professor
recordou que vários dos presentes naquele “momento histórico” viveram “uma experiência
pessoal de conversão a Cristo, na qual a razão e o conhecimento foram um auxílio eficaz
à ação da graça [divina] e não o contrário”. “A recente beatificação do cardeal
inglês John Henry Newman [durante a visita de Bento XVI à Inglaterra, em setembro
de 2010] foi para todos os católicos um sinal eloquente da importância que Vossa Santidade
outorga à dimensão intelectual da vivência cristã”, acrescentou. O docente agradeceu
ao Papa os seus ensinamentos sobre “a vocação universitária e, em particular, sobre
a relação entre ciência e fé, e sobre o lugar vital da religião revelada na sociedade
atual”, nomeadamente os “históricos discursos” na Universidade de Ratisbona, em 2006,
e no Colégio dos Bernardinos de Paris, no ano de 2008. D. Rouco Varela afirmou
que os docentes conhecem a “preocupação” de Bento XVI, antigo professor e investigador
universitário de Teologia, “pelo presente e futuro de uma juventude” que entra no
ensino superior com expectativas “nem sempre satisfeitas e, não poucas vezes, frustradas”. A
intervenção do arcebispo mencionou também a missão evangelizadora da Igreja: “Sem
professores universitários com vocação decidida e sentida de serviço à verdade no
diálogo fé-razão e teologia-filosofia-ciência será muito difícil chegar com a boa
nova de Jesus Cristo, redentor do homem, à mente e ao coração dos jovens”. O professor
reforçou esta perspetiva ao considerar que a universidade é um espaço privilegiado
para a evangelização da juventude, onde os católicos podem anunciar a mensagem cristã
e ser “fermento de comunidades que vivam a fé em harmonia e amor mútuo, unindo-a sempre
à busca da verdade no campo do saber humano”.