Roma, 11 ago (RV) - Não se interrompe a mobilização em prol do Chifre da África,
especialmente pela Somália, onde a pior penúria dos últimos 60 anos está colocando
em risco a vida de milhões de pessoas. A Tanzânia decidiu ontem enviar 300 toneladas
de milho. Para decretar medidas de emergência, no próximo dia 17 de agosto, se reunirá
em Istambul os 57 países da Conferência Islâmica, enquanto no dia seguinte será a
vez de Roma, dos ministros da Agricultura dos 191 países membros da FAO.
A
sobrevivência de cerca quatro milhões de somalis está em risco também pela presença
dos rebeldes Shabaab, que controlam as áreas do sul do país. A Cesvi uma organização
humanitária independente, de Bergamo, Itália, atua em conjunto com o Consórcio Agir
no campo de refugiados de Dadaab na fronteira entre a Somália e o Quênia, onde 10
mil refugiados chegam a cada semana. As condições de vida não são mais sustentáveis
e o índice de desnutrição aguda supera 25%. A Rádio Vaticano conversou com Lorena
D'Ayala Valva, diretor de atividades para emergências Cesvi que se encontra em Dadaad:
R.
- Há neste momento dois tipos de problemas: um relativo aos refugiados que já estavam
aqui e que ainda devem ser ajudados e, outro, a estrutura de apoio para as pessoas
que continuam a chegar. Além disso, a situação é ainda mais complicada porque existem
também as comunidades locais, as comunidades do Quênia, que já estavam estabilizadas
na área. É uma situação extremamente complexa. Estamos trabalhando em colaboração,
é claro, com as Nações Unidas, que se ocupa da administração dos campos. Então, neste
momento, em coordenação com a ONU, nós estamos tentando distribuir água e sabão.
P
- Quem são as pessoas que chegam da Somália? Em que condições chegam?
R - São
crianças e mulheres, chegam provados da situação na Somália, depois de dias de caminhada.
O clima neste momento não é dos piores: estamos no período de inverno, no entanto,
ainda é muito, muito quente, por isso chegam exaustos, vítimas muitas vezes da violência.
As crianças são desnutridas ou subnutridas, as mulheres muito provadas pela situação.
Com o risco de superlotação há também o risco de epidemia. O que se está fazendo agora
é uma grande corrida contra o tempo para tentar impedir a propagação de doenças. (SP) p