Reposicionar economia ao serviço do desenvolvimento e bem-estar de pessoas e povos:
Manuela Silva, do grupo "Economia e Sociedade", da Comissão Nacional Justiça e Paz,
de Portugal
(9/8/11) A economista Manuela Silva, uma das promotoras da denúncia apresentada na
justiça portuguesa contra as três maiores agências de «rating», considera que a comunidade
internacional deve travar um “modelo de economia de casino”. Num comentário publicado
nesta segunda-feira, no blogue «Areia dos dias», do grupo «Economia e Sociedade» da
Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP), Manuela Silva escreve que “tardam decisões
políticas” que travem este processo e critica o “poder crescente (e nada democrático,
diga-se) dos mercados financeiros”. Ao longo do dia, as bolsas europeias e mundiais
negociaram em termos negativos, apesar do anúncio de uma ação mais ativa do Banco
Central Europeu (BCE). “Acho bem que os responsáveis se preocupem seriamente com o
que está a suceder no sistema financeiro globalizado, e manifestamente desgovernado”,
assinala Manuela Silva.
A responsável do grupo «Economia e Sociedade» da CNJP,
organismo laical da Conferência Episcopal Portuguesa, escreve que “de pouco valerão
as soluções de tipo paliativo e os corretivos de curto prazo, se não se encarar a
necessidade de uma reforma profunda de todo o sistema financeiro (e monetário) que
o reposicione na rota de onde nunca deveria ter sido – o de agir como veículo ao serviço
de uma economia real dirigida ao desenvolvimento e ao bem-estar das pessoas e dos
povos”.
Manuel Silva cita a encíclica ‘Caritas in veritate’ (“A caridade na
verdade”) de Bento XVI, publicada em 2009, na qual o atual Papa escrevia que “é preciso
que as finanças enquanto tais — com estruturas e modalidades de funcionamento necessariamente
renovadas depois da sua má utilização que prejudicou a economia real — voltem a ser
um instrumento que tenha em vista a melhor produção de riqueza e o desenvolvimento”.
Idênticas
reflexões, com igual referência à Encíclica social de Bento XVI, foram expressas pelo
economista italiano Ettore Gotti Tedeschi, presidente do Instituto das Obras de Religião
(instituição bancária do Vaticano), em artigo publicado na edição quotidiana do "Osservatore
Romanoa" (9 de Agosto), assim como numa entrevista à Rádio Vaticano