2011-08-10 18:08:20

PRESIDENTE DO IOR, GOTTI TEDESCHI: COLOCAR A PESSOA NO CENTRO DA ECONOMIA, PARA SAIR DA CRISE


Cidade do Vaticano, 10 ago (RV) - A economia "precisa da ética para o seu correto funcionamento; não de uma ética qualquer, mas de uma ética amiga da pessoa". Essa é uma das passagens da "Caritas in veritate" de Bento XVI.

Trata-se de uma encíclica que – nestes dias – se mostra de extrema atualidade, num momento em que se acompanha com apreensão a expansão da crise econômico-financeira, e a incapacidade, por parte de governos, de se relançar a economia.

Justamente da "Caritas in veritate" parte a reflexão do Presidente do Instituto Obras Religiosas (IOR) – Banco do Vaticano –, o economista Ettore Gotti Tedeschi, entrevistado pela Rádio Vaticano:

Ettore Gotti Tedeschi:- "Poderia dar também a minha opinião, mas prefiro partir do que diz o Papa na encíclica "Caritas in veritate", quando explica que a origem do comportamento dos homens que geriram o instrumento econômico e financeiro é de caráter moral. O homem, perdendo o sentido do real, o sentido da referência da verdade e deixando-se levar pela busca de liberdades absolutas, transformou o instrumento econômico em fim, ao invés de meio, deixando que este assumisse autonomia moral. Acabamos por ver o instrumento que privilegia a si mesmo, ao invés de privilegiar o homem."

RV: De fato, a política parece impotente diante da necessidade de administrar essa especulação financeira, e de relançar a economia...

Ettore Gotti Tedeschi:- "Diria que a política – precisamente, não na Europa – foi quem deu início a essa situação, porque a política – sobretudo estadunidense – quis manter um grande crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) a custa de endividamento, fazendo com que as famílias se endividassem quase 50% a mais em dez anos, ao impulsionar um consumismo que era indispensável para fazer o PIB estadunidense crescer. Isso foi seguramente defendido – ou ao menos encorajado – pela política. E a política hoje se deu conta, por uma razão muito simples, de não mais conseguir gerir essa situação: deu-se conta de que hoje não mais existe uma política forte! Onde se encontra, hoje, uma referência política forte? Pensávamos, como nos últimos 40 anos, que se encontrasse nos EUA. Mas os EUA governam, hoje, a economia mundial? Não, porque o mundo se globalizou! Aquilo que antes poderia ser uma referência de grandes decisões, de grandes intervenções de caráter político em nível internacional, hoje se autolimitou!" (RL)







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