SUAZILÂNDIA À BEIRA DA FALÊNCIA: BISPOS CRITICAM O REI
Cidade do Cabo, 09 ago (RV) – O porta-voz da Conferência Episcopal sul-africana,
Cardeal Wilfrid Napier, declarou que os bispos da África do Sul ficaram muito desiludidos
com a atitude do governo de emprestar dinheiro à Suazilândia sem impor quaisquer condições.
A afirmação pode parecer estranha vinda de representantes da Igreja, mas o motivo
dessa atitude é o modo como o país vizinho gasta o que arrecada e a falta de democracia.
A Suazilândia é a última monarquia absoluta do Continente Africano e está
prestes a ir à falência. No mês passado, os prelados já haviam pedido ao governo da
África do Sul que liberasse o empréstimo sob a condição de que a Suazilândia realizasse
reformas democráticas e que todos os privilégios da família real fossem revogados.
Não
adiantou. O empréstimo de 355 milhões de dólares foi concedido sem qualquer objeção
ao país que, desde 1973, é governado com a mão de ferro do Rei Mswati III, sob um
controle permanente e rígido da população. Há forte repressão política e vasto uso
da polícia política, das Forças armadas, de guardas civis e outros órgãos de patrulhamento.
Esse dito Estado Policial ao qual o povo é submetido é um dos aspectos do totalitarismo
e de sua ideologia.
A crise, portanto, não é só econômica, mas política e social.
O país apresenta a maior porcentagem de pessoas contaminadas pelo HIV/AIDS (26% da
população), a menor expectativa de vida (32 anos), uma taxa de desemprego de 40% e
70% dos habitantes vivendo abaixo da linha de pobreza.
Situação para a qual,
aliás, os bispos já haviam, anteriormente, solicitado a intervenção da União Africana
e da Comunidade de Desenvolvimento da África meridional. (ED)