BENTO XVI SOBRE EDITH STEIN: MÁRTIR DO NAZISMO POR AMOR A DEUS E A SEU POVO
Cidade do Vaticano, 09 ago (RV) - A Igreja celebra, nesta terça-feira, a festa
litúrgica de Santa Teresa Benedita da Cruz, no século, Edith Stein, co-padroeira da
Europa. Filósofa judia alemã converteu-se ao cristianismo em 1921, após ter lido a
autobiografia de Santa Teresa d'Avlia. Morreu em 1942 em Auschwitz, junto à irmã Rosa.
Mais
vezes Bento XVI deteve-se, em suas catequeses, sobre essa extraordinária figura de
mártir. Foram comoventes as palavras que o Papa pronunciou sobre a co-padroeira da
Europa, por ocasião da visita ao campo de concentração nazista de Auschwitz, em maio
de 2006.
No "horror da noite" da II Guerra Mundial, jamais perdeu de vista
"a esperança, o Deus da vida e do amor". Edith Stein é uma mártir do nosso tempo,
ressalta Bento XVI. Mártir porque seguiu o Senhor até o fim, e assim venceu o ódio
e a violência.
Edith Stein, refugiada num convento carmelita na Holanda, teve
a possibilidade de fugir da fúria nazista, mas não quis trair o seu povo: mesmo convertida
ao catolicismo, sentiu-se filha de Israel e quis partilhar o seu destino até o fim.
Por
isso, na memorável e comovente visita a Auschwitz, o Papa, filho da Alemanha, se deteve,
justamente, sobre o testemunho de Edith Stein:
"Como cristã e judia, ela aceitou
morrer junto com o seu povo e por ele. Os alemães, que então foram trazidos a Auschwitz-Birkenau
e aqui morreram, eram vistos como o opróbrio da nação. Agora, porém, nós os reconhecemos
com gratidão como as testemunhas da verdade e do bem, que também em nosso povo não
haviam desaparecido. Agradecemos a essas pessoas porque não se submeteram ao poder
do mal e agora se encontram diante de nós como luzes numa noite escura." (Auschwitz,
28 de maio de 2006)
Como filósofa, aluna de Husserl, Edith Stein sempre
esteve em busca da verdade. E a encontrou na Cruz e compreendeu que a verdade é uma
Pessoa: Jesus Cristo. Somente tomando a Cruz podemos acolher a vontade do Senhor,
mesmo diante dos sofrimentos mais terríveis – foi o seu ensinamento. "Quanto mais
se faz trevas em torno a nós – dizia Edith Stein –, mais devemos abrir o coração à
luz que vem do alto":
"A santa carmelita Edith Stein testemunhou-nos isso num
tempo de perseguição. Assim escrevia do Carmelo de Colônia, em 1938: "Hoje entendo...
o que significa ser esposa do Senhor no sinal da cruz, embora jamais se possa compreender
isso totalmente, vez que é um mistério..." (Angelus, 20 de junho de 2010)
Edith
Stein, como São Maximiliano Maria Kolbe – também ele vítima do horror nazista –, revelam-nos
qual é a lógica do martírio: a morte de Jesus, o "seu sacrifício supremo de amor":
"É
a lógica do grão de trigo que morre para germinar e dar vida (cfr. Jo 12,24).
Jesus é o grão de trigo vindo de Deus, o grão de trigo divino, que se deixa cair na
terra, que perece, que morre e, justamente por isso, se abre e assim pode dar fruto
na vastidão do mundo." (Audiência Geral, 11 de agosto de 2011)
"Se lermos
a vida dos mártires – observou o Papa, justamente pensando em figuras como Edith Stein
e Maximiliano Maria Kolbe – ficaremos surpresos com a serenidade e a coragem deles
ao enfrentar o sofrimento e a morte." A graça de Deus "não suprime ou sufoca a liberdade
de quem enfrenta o martírio, mas, pelo contrário, a enriquece e a exalta" – reitera
Bento XVI:
"O mártir é uma pessoa sumamente livre, livre em relação aos poderes
do mundo. Uma pessoa livre que num único ato definitivo doa a Deus toda a sua vida,
e num supremo ato de fé, de esperança e de caridade, se abandona nas mãos de seu Criador
e Redentor; sacrifica a sua vida para ser associado num modo total ao Sacrifício de
Cristo na Cruz. Numa palavra: o martírio é um grande ato de amor em resposta ao imenso
amor de Deus." (Audiência Geral, 11 de agosto de 2010) (RL)