Genebra, 08 ago (RV) - O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) anunciou
planos de que vai dobrar seu orçamento para alimentar a população da Somália, especialmente
dezenas de milhares de crianças afetadas pela fatal combinação de seca, violência
e instabilidade política interna.
A Cruz Vermelha Internacional adverte que
a taxa de desnutrição entre crianças com menos de cinco anos de idade encontra-se
atualmente acima de 20% e não para de aumentar.
Numa entrevista coletiva concedida
em Genebra, o presidente do CICV, Jakob Kellenberger, lançou um apelo a doadores por
mais de 86 milhões de dólares. O objetivo é ajudar mais 1,1 milhão de pessoas em regiões
castigadas pela fome em uma Somália "cada vez mais desesperada".
“A ação responde
a uma situação que está se tornando cada vez mais desesperadora. Centenas de milhares
de somalis enfrentam a escassez de água e de alimentos” - lembrou. “Estamos confiantes
de que podemos levar assistência com sucesso em cooperação com os nossos parceiros
do Crescente Vermelho Somali” - afirmou o responsável.
Se o pedido de doações
for atendido, o orçamento da Cruz Vermelha para a Somália fechará 2011 com 120 milhões
de francos suíços.
A Organização das Nações Unidas (ONU) calcula que dezenas
de milhares de pessoas tenham morrido em decorrência do atual período de seca, o pior
a afetar a Somália em 60 anos. Além disso, 640.000 crianças somalis sofrem de desnutrição
aguda, o que indica que o número de óbitos entre crianças pequenas aumentará ainda
mais.
A primeira fase da distribuição alimentar foi concluída esta semana.
A entrega de gêneros alimentares constitui uma resposta de emergência à crise. É acompanhada
por uma assistência sustentável que visa ajudar as populações a manterem-se sem a
ajuda externa: poços reestruturados, projetos de irrigação, trabalho remunerado. O
CICV também entregou objetos domésticos a mais de 250 mil pessoas e forneceu água
potável a mais de 400 mil desde abril.
A crise que o país do Chifre da África
atravessa é o resultado de 20 anos de conflitos armados e de uma grave seca. A inflação,
o aumento dos preços dos alimentos e do combustível, em todo o mundo, são fatores
agravantes. (CM)