2011-08-07 10:39:50

Eleições presidenciais em Cabo Verde, neste domingo


(7 agosto 2011)
Quatro candidatos disputam nas eleições deste domingo 7 de Agosto, a presidência da República de Cabo Verde. Dois provêm do Partido para a Independência de Cabo Verde (PAICV), que governa o arquipélago: o candidato oficial do partido é Manuel Inocêncio; como independente apresenta-se Aristides Lima. Os outros dois contendores são Jorge Carlos Fonseca, candidato do MPD (Movimento para a Democracia), o maior partido da oposição, e o independente Joaquim Jaime Monteiro.
Em Cabo Verde – como justamente observa Alicia Lopes Araújo no “L’Osservatore Romano” – o quadro político encontra-se marcado pela alternância no poder entre o PAICV e o MPD. Nas eleições legislativas de 6 de Fevereiro passado, o PAICV, de originário inspiração socialista mas hoje em dia conotado com opções liberistas, alcançou a maioria absoluta no Parlamento, assegurando mais um mandato no governo nacional: do PAICV provêm tanto o primeiro-ministro José Maria Neves, como o presidente da república agora cessante, Pedro Pires.

Arquipélago de dez ilhas no Oceano Atlântico, situado numa posição estratégica a cerca de 500 Km da costa do Senegal, Cabo Verde é desde sempre um laboratório de elos culturais fecundos e complexos, mas também um lugar de fronteira entre o exílio e a diáspora. O país, colónia portuguesa até 1975, tem uma população 90 % católica e constitui hoje o resultado do encontro e da recíproca influência cultural entre a África e a Europa. Aliás os cerca de 530 mil habitantes são o resultado das mestiçagem ao longo dos séculos de várias etnias, africanas e europeias.
Apesar de não ter recursos naturais, Cabo Verde é contudo uma das nações mais dinâmicas da África, com um nível de alfabetização e uma esperança de vida dos mais altos do continente. As condições climáticas sahelianas, o isolamento e as modestas dimensões do território sempre constituíram fatores limitativos. Em todo o caso, o desenvolvimento do país beneficiou de uma abundante afluxo de ajudas externas e de um ambiente favorável aos investimentos graças a políticas de amplos horizontes, que desde há vinte anos vêm contribuindo para um constante progresso económico. A economia é dominada pelo setor dos serviços – turismo, transportes, comércio – 70 % do produto interno bruto, mas também a pesca tem a sua importância.

Graças igualmente às remessas dos emigrados, desde 2007 que Cabo Verde saiu do número dos países em vias de desenvolvimento, entrando na faixa dos países com rendimento médio, na classificação do Banco Mundial. Entretanto, Cabo Verde, que tem estreitas relações com o Brasil e com Angola, países também esses lusófonos, assim como com a China, tornou-se desde há vários anos lugar de investimentos estrangeiros, por vezes controversos, no que diz respeito à especulação imobiliária.
No futuro próximo, o arquipélago parece visar o alta tecnologia e seus serviços, desenvolvendo nomeadamente o setor da tecnologia das informações e das comunicações e da alta formação e da excelência. Nestes campos desempenha um papel importante a Universidade do Estado e em 2010, para além disso, foi criado na capital, Praia, em colaboração com a UNESCO e com Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental, o Instituto (da África Ocidental) para Investigação Internacional sobre a Integração Regional e as Transformações sociais.
No plano político e social, os objetivos do futuro imediato são a melhoria do nível de vida da população, a redução da pobreza e uma estreita integração com a União Europeia, que reconheceu a Cabo Verde o estatuto de país associado. Outro apreciável resultado foi certamente o de uma maior harmonização na economia internacional, que consentiu ao país tornar-se, em 2008, o 153º (centésimo quinquagésimo terceiro) membro da OMC (Organização Mundial do Comércio), graças a uma boa gestão e aos resultados no tratamento da dívida externa. Até 2018 Cabo Verde ir-se-á conformando aos dados previstos pela OMC, no que diz respeito à regulamentação do comércio, à adequação da legislação correspondente e aos direitos de autor.

(Alícia Lopes Araújo, in "L'Osservatore Romano", edição quotidiana de 7 de Agosto 2011)







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