CHIFRE DA ÁFRICA: 13 MILHÕES DE PESSOAS PASSAM FOME
Roma, 04 ago (RV) - São 13 milhões as pessoas atingidas pela seca e fome no
Chifre da África. Os dados dramáticos foram divulgados pelo Programa Mundial de Alimentos,
que começou a distribuir ajuda humanitária na área. Enquanto isso, os Estados Unidos,
anunciaram a sua intenção de afrouxar as sanções contra as milícias Al-Shabaab para
garantir a chegada de gêneros de primeira necessidade à Somália. Sobre a situação
no Chifre da África, a Rádio Vaticano ouviu Mario Raffaelli, Presidente da AMREF-Itália,
uma organização internacional sem fins lucrativos, que se ocupa das questões relativas
à saúde no Continente Africano – há mais de 50 anos presente nos países afetados por
essa penúria.
R - As últimas notícias confirmam a dimensão dramática dos eventos
relacionados à seca e, especialmente, na Somália, devido à dificuldade de se poder
fazer chegar ajudas em todos os lugares. Do ponto de vista da estrutura de ajudas,
algo finalmente está se movendo. Obviamente ainda há uma discrepância entre o que
você pode fazer e quanto seria necessário.
P – Realizou-se na semana passada
uma reunião da FAO em Roma, depois um encontro em Nairobi, e na próxima semana mais
uma reunião promovida pela União Africana. A comunidade internacional, na sua opinião,
está se movendo bem?
R. - A reunião da FAO em Roma, teve como resultado poucos
compromissos sobre o futuro e se limitou a convocar o segundo encontro em Nairobi,
que por sua vez não foi uma reunião com novos compromissos, mas de coordenação e que
produziu esta terceira reunião.
P - Esta crise atinge um país como a Somália
- a área mais afetada - já em dificuldade devido a instabilidade interna. Pode, segundo
o senhor, paradoxalmente, uma situação do gênero como esta ajudar o país a sair desse
túnel?
R - Como todas as crises, além do drama há também uma nova possibilidade,
e por isso, se a crise for tratada de forma adequada poderia, talvez, permitir retomar
os fios de um processo que foi interrompido. Isto também porque o drama tem causado
uma perda de apoio por parte dos Al-Shabaab, por sua recusa em permitir a intervenção
de organizações não-governamentais, e deu vida a contradições no seio deles, portanto,
em muitas partes se fazem acordos locais que permitem esta chegada, contrariando a
posição geral. Claro, isso deveria depois ser usado politicamente, através de uma
intervenção que não será de breve tempo, porque a situação de emergência vai durar
meses. E então, acima de tudo, será necessário que essas intervenções estejam ligadas
a uma fase de reconstrução sucessiva, caso contrário, quando retornarem as chuvas,
a situação será endêmica e, portanto, irreversível. (SP)