(3/8/2011) O Conselho de Segurança das Nações Unidas volta a reunir-se, esta quarta-feira,
depois de no dia anterior não ter conseguido aprovar a resolução de condenação à
Síria, em várias horas de negociações. Além de quererem chegar a acordo, os 15
membros do Conselho de Segurança esperam decidir sobre o formato da condenação, já
que as opiniões dividem-se entre uma resolução, tal como defendem a União Europeia
e os Estados Unidos, ou uma declaração presidencial, como sustentam outros países,
principalmente a Rússia e China. Depois de um debate demorado sobre uma eventual
condenação à repressão do regime do presidente da Síria, Bashar al Assad, os 15 membros
do Conselho de Segurança interromperam as reuniões e decidiram enviar aos seus Governos
o texto em discussão, com várias versões, para receberem indicações quanto à via a
seguir. Muitos governos continuam a fugir à pergunta que Roula Khalaf fez, há dois
meses, no "Financial Times": “Quando é que a repressão se torna intolerável?” Opositores
e activistas sírios repetem que a situação já passou este limiar. Um grupo da oposição
foi ontem recebido pela secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, pedindo-lhe
que o Presidente Barack Obama "diga ao Presidente Bashar al-Assad para se retirar
imediatamente". Temendo mais protestos durante o Ramadão, que começou na segunda-feira,
no domingo o regime atacou Hama, deixando pelo menos 100 mortos. Da Turquia a Washington,
todos se disseram "horrorizados". Segunda-feira, o Conselho de Segurança reuniu-se
de urgência, mas como há dois meses, não conseguiu chegar a um consenso sobre um texto
de condenação. Os protestos pró-democracia começaram a 15 de Março. Pelo menos
1600 civis foram mortos e mais de 12 mil detidos; três mil estão desaparecidos. Até
hoje, o Conselho de Segurança, o principal órgão executivo das Nações Unidas, não
condenou o regime. A Rússia e a China, membros com direito de veto, recusam uma
resolução. São seguidos pelo Brasil, Índia e África do Sul. O secretário-geral
da ONU, Ban Ki-moon, disse que Assad "perdeu toda a humanidade" e "deve ter consciência
de que é responsável perante a lei internacional". Horas antes, já a comissária para
os Direitos Humanos, Navi Pillay, garantia que "o mundo está a olhar para a Síria".
A Itália chamou entretanto o seu embaixador na Síria para consultas. A União Europeia
fez saber que não tem planos para chamar o seu representante, no dia em que o ministro
sírio da Defesa passou a integrar a lista dos membros do regime alvo de sanções. Estes
responsáveis, 35 ao todo, verão os seus bens congelados e não podem obter vistos de
entrada nos Estados-membros. Sanções que, segundo os analistas, pouco afectam a sobrevivência
e capacidade de financiamento do regime.