Cidade do Vaticano, 03 ago (RV) - A meditação semanal do prior de Taizé, Irmão
Alois, é dedicada às vítimas dos atentados da Noruega e da penúria na Somália, Quênia
e Etiópia. O jornal “L’Osservatore Romano” publica o texto em sua edição de hoje.
“A
resposta à questão do sofrimento humano não se encontra numa ideia ou teoria, mas
em nossas próprias vidas: é principalmente amando quem está ao nosso lado com compaixão
e solidariedade, que podemos responder às tragédias que acontecem no mundo”.
“Diante
do incompreensível sofrimento dos inocentes, nos sentimos desconcertados, e a pergunta
que atravessa a história humana e chega a nossos corações é: Onde está Deus?”. Como
cristãos, não temos respostas automáticas a esta questão. O próprio Jesus – diz o
prior da comunidade ecumênica – “não deu uma explicação, mas dividiu esta pergunta
conosco até seu último suspiro de vida na terra. Jesus nos disse claramente que Deus
não quer o sofrimento.
Durante a paixão na cruz, recusou o fatalismo e a passividade.
Ele amou até o fim e apesar do caráter absurdo do sofrimento, continuou confiante
de que Deus é maior do que o mal e que a morte nunca terá a última palavra. Nós podemos
e devemos seguir Cristo nisso” – diz o prior, que convida a responder à questão do
sofrimento humano “com nossas vidas”.
Irmão Alois explica que na Noruega, muitos
foram solidários com as famílias que perderam seus entes nos atentados de 22 de julho.
“Que este espírito de solidariedade anime a nossa existência, porque existem tantas
situações que o requerem, perto ou longe de nós. Estar ao lado de quem sofre ou simplesmente
ir a seu encontro levando compaixão pode lhe dar alívio”.
A meditação é dirigida
a todos os jovens que do mundo inteiro vão à Taizé no verão para passar um período
de oração e reflexão.
O prior anuncia que os almoços desta semana na comunidade
serão feitos em silêncio, em sinal de solidariedade com as pessoas que têm fome no
mundo. Na semana passada, houve uma iniciativa análoga para lembrar os mortos da Noruega.
Uma «parábola de comunidade»
A Comunidade de Taizé reúne uma centena
de irmãos católicos e de diversas origens evangélicas, de quase trinta países diferentes.
Através da sua própria existência, ela é uma «parábola de comunidade»: um sinal concreto
de reconciliação entre cristãos divididos e entre povos separados.
Os irmãos
da Comunidade ganham a sua vida pelo próprio trabalho. Não aceitam qualquer donativo.
Alguns irmãos vivem em áreas desfavorecidas do mundo, para serem aí testemunhas
de paz perto daqueles que sofrem. Em pequenas fraternidades, os irmãos vivem em bairros
degradados na Ásia, na África, na América Latina. Procuram partilhar as condições
de vida dos que os rodeiam, esforçando-se em ser uma presença de amor junto dos mais
pobres, dos meninos de rua, dos prisioneiros, dos moribundos, dos que estão interiormente
feridos por rupturas afetivas ou pelo abandono.
Ao longo dos anos, jovens em
número cada vez maior chegam a Taizé, vindos de todos os continentes, para viver semanas
de encontros. Líderes da Igreja também vão a Taizé. A comunidade acolheu o Papa João
Paulo II, quatro bispos de Cantuária, metropolitas ortodoxos, os catorze bispos luteranos
da Suécia e numerosos pastores do mundo inteiro. (CM)