Os cristãos perante o Ramadão: entrevista ao Secretário do Conselho para o Diálogo
Inter-religioso
(2/7/2011) Teve ontem início no mundo muçulmano o Ramadão, o mês de jejum, um dos
cinco pilares do Islão. Um mês de dedicado de modo particular à oração e à solidariedade
para com os pobres. Entrevistado pelo colega Sérgio Centofanti, o secretário do Conselho
Pontifício para o Diálogo Inter-religioso, arcebispo D. Pier Luigi Celata, fala da
importância e significado do Ramadão para as muçulmanos, e da atitude que suscita
nos cristãos.
- Para o muçulmano observante – como sabemos – o mês do Ramadão
é particularmente importante tanto na dimensão pessoal e familiar, como também social,
em geral. De facto, neste mês os muçulmanos são convidados a reencontrar mais em profundidade
a sua relação com Deus e consigo próprios, através do jejum, da oração, do dom da
misericórdia (a pedir a Deus e a conceder aos outros), da esmola e do cuidado posto
nas relações interpessoais. Aos nossos irmãos muçulmanos nós asseguramos antes
de mais a nossa proximidade espiritual, fazendo votos de que eles possam realizar
tudo aquilo que o seu coração de crentes em Deus deseja para si mesmos e para todos
os marginalizados, uma maior solidariedade, o respeito pela vida, e a paz.
-
O mundo árabe está a viver um período difícil, entre novas esperanças e temores:
qual é o papel das comunidades cristãs que vivem nestes países, sobretudo neste mês
de jejum?
- Sabemos que as comunidades cristãs presentes no mundo árabe
partilham plenamente os desejos, as preocupações, o empenho, que são próprios de todos
os cidadãos daqueles países. Especialmente neste mês, geralmente as comunidades cristãs
abrem-se a encontros especiais, conviviais, por ocasião da Iftar – a quebra do jejum
– à noite, e têm particulares atenções para com os irmãos muçulmanos, em termos de
proximidade, de solidariedade, e mesmo de oração por eles. Neste período os cristãos
estão especialmente chamados a serem testemunhas daquela solicitude pelo homem, por
cada homem e por cada mulher, segundo a graça que nesse sentido lhes concede Jesus,
morto e ressuscitado por todos. Portanto é natural a sua expectativa de que as novas
estruturas institucionais previstas em alguns países sejam expressão de um autêntico
respeito pela dignidade de cada pessoa e dos seus direitos fundamentais, a começar
pelo direito a uma efetiva liberdade religiosa.
- Todos os anos a Igreja
católica envia uma mensagem de bons votos, por ocasião do final do Ramadão: um sinal
de amizade e de diálogo com o mundo muçulmano…
- Sim, o Pontifício Conselho
para o Diálogo Inter-religioso envia, todos os anos, na altura do Id alfitr
– o encerramento do mês do Ramadão – uma mensagem de felicitações e de bons votos
para os muçulmanos. De facto, estamos já a enviar esta mensagem para o fim do Ramadão,
agora começado. A mensagem conterá, como habitualmente, expressões de votos, felicitações
e o convite a refletir sobre um tema particular de interesse comum.