2011-08-01 10:50:51

RAMADÃ NÃO DEVE INTERROMPER A 'PRIMAVERA ÁRABE'


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Cidade do Vaticano, 1° ago (RV) – O Ramadã começa nesta segunda-feira nos países do Islã. Durante o mês de jejum, os muçulmanos não podem comer, beber, fumar ou manter relações sexuais entre o nascer e o pôr-do-sol. O Ramadã é um dos cinco pilares do Islamismo e assinala a revelação do Alcorão a Maomé pelo Arcanjo Gabriel.

O Presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso, Arcebispo Pier Luigi Celata, explica o que acontece nesse período.

“Para o muçulmano praticante, como sabemos, o mês do Ramadã é particularmente importante seja no âmbito pessoal e familiar, seja naquele social. Os muçulmanos são, de fato, convidados neste período a reencontrar com mais profundidade o seu relacionamento com Deus e com eles mesmos, por meio do jejum, da oração, o dom da misericórdia de pedir a Deus e a doar aos outros, a esmola e a cura dos relacionamentos pessoais. Aos nossos irmãos muçulmanos asseguramos, antes de tudo, a nossa proximidade espiritual, desejando que possam realizar tudo aquilo que seus corações tementes a Deus desejam para eles mesmos e para todos os homens, com maior atenção aos pobres e marginalizados, com uma solidariedade maior, e com respeito pela vida e pela paz”.

Da Terra Santa chega ainda a mensagem do Patriarca Latino de Jerusalém, Dom Fouad Twal. Ele destaca a proximidade do clero e dos fiéis da Terra Santa aos muçulmanos “neste tempo dedicado também aos atos de devoção, gestos de caridade, ao perdão e ao arrependimento”. No fim, Dom Twal pede que Deus abençoe o jejum dos muçulmanos e que “os políticos possam se inspirar para promover uma reconciliação sincera e encontrar uma solução justa as aspirações do povo da Palestina pelo Estado independente e que a paz reine sobre todos os povos da Terra Santa e dos países árabes vizinhos”.

Primavera Árabe

Este é o primeiro Ramadã desde o início das revoltas populares nos países árabes. O medo dos atentados é crescente, pois ao nono mês lunar do calendário muçulmano é associada uma imagem de sacrifício que pode se somar ao clima revolucionário nas tradições típicas deste mês de jejum muçulmano.

No Iraque, a segurança foi reforçada.

Já no Egito, grupos políticos afirmaram que vão suspender as manifestações na Praça Tahrir, centro do Cairo, durante o mês do jejum. Afirmam que vão continuar exigindo que o conselho militar que assumiu o poder após a renúncia de Mubarak acelere as reformas e o julgamento de ex-autoridades que enfrentam acusações de corrupção e assassinato.

Na Síria não serão interrompidas as manifestações durante o Ramadã, embora a brutal repressão deste domingo cometida pelas forças leais ao presidente Bashar al Assad deixaram claro que o regime tentará por todos os meios conter os manifestantes.

O Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH) denuncia que desde o início da rebelião, os confrontos deixaram mais de 1.900 mortos, incluindo mais de 1.500 civis.

Ativistas opositores convocaram pela Internet protestos maciços em diferentes praças do país após as orações nas mesquitas.

Um deles estimou em seu site que no país existem 10 mil mesquitas. Se em cada um dos templos, mil muçulmanos rezarem durante o Ramadã, haverá dez milhões de fiéis reunidos.

No Barein, outro cenário da primavera árabe, aumentam os chamados para arrecadar ajuda financeira para o Ramadã das famílias dos mortos e dos detidos durante os protestos pró-reformas, que começaram em 14 de fevereiro.

Ao contrário de outros anos, quando os fiéis armazenaram comida para enfrentar a escassez, os mercados do Barein não receberam nos últimos dias muitos clientes.

Na Jordânia, o Governo adotou medidas para garantir que os preços dos produtos básicos não aumentem durante o Ramadã e para também evitar que ocorram manifestações em protesto pela alta dos preços dos alimentos.

Contrários aos outros revolucionários árabes, os manifestantes jordanianos, que protagonizaram nos últimos cinco meses protestos pedindo reformas políticas, não planejam recrudescer as manifestações da "primavera árabe" durante o Ramadã. (CM/RB)








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