FOME E ANTIRRETROVIRAIS: UMA COMBINAÇÃO INEFICAZ QUE FAZ VÍTIMAS NO SUL DA ÁFRICA
Mababane, 01 ago (RV) - A Suazilândia, vizinha da África do Sul, é um dos países
que apresentam a maior taxa de contaminação por HIV do mundo, ou seja, 26% da população
é soropositiva. E a crise de saúde pública fica ainda maior diante da pobreza na qual
vive a grande parte da população, que não tem o que comer: sem alimentos no estômago,
os antirretrovirais não são eficazes.
Os antirretrovirais estabilizam a doença
e diminuem em 96% o risco de contágio, conforme pesquisas recentes. O problema é que
há uma grande massa de famintos na Suazilândia, e os medicamentos só funcionam quando
ingeridos com alimentos. Ativistas informam que, por isso, pessoas têm ingeridos dejetos
animais para que possam utilizar o tratamento.
Diferentes agências de notícias
de todo o mundo estão trazendo essa problemática à tona. Na BBC, por exemplo, há a
denúncia de que algumas pessoas dizem que vão parar de tomar antirretrovirais porque
não têm o que comer.
O país tem um milhão e 200 mil habitantes, dos quais
230 mil são soropositivos.
Na semana passada, um protesto contra a crise reuniu
centenas de pessoas na capital, Mababane. A organização da manifestação informou que
uma das principais exigências é a de que o governo não corte o orçamento da saúde,
e sim "mantenha sua promessa de priorizá-la".
Devido à crise, no mês passado,
o parlamentar Joseph Madonsela disse que os hospitais estatais poderão vir a deixar
de fornecer medicamentos antirretrovirais dentro de dois meses. O governo rejeitou
a afirmação, mas admitiu ter pedido ajuda financeira à África do Sul e implementou
medidas de austeridade.
No mês passado, o Fundo Monetário Internacional (FMI)
disse que a Suazilândia enfrentaria uma "grave crise de liquidez".
A falta
de dinheiro forçou o rei Mswati a anunciar o cancelamento das comemorações do aniversário
de 25 anos de seu reinado.
Ele, que é o último monarca absoluto da África subsaariana,
tem uma fortuna estimada em 200 milhões de dólares, e cada uma de suas 13 esposas
tem um palácio, todos pagos com dinheiro público. (ED)