MORRE EM MACAU Pe. LUIS RUIZ SUARES, O “PAI DOS POBRES”.
Macau, 28 jul (RV) – Pe. Luis Ruiz Suarez, cuja morte aos 97 anos fora anunciada
ontem, foi sem dúvidas uma das figuras mais importantes em Macau. Fundou o que a população
conhece hoje como Sistema de Serviços Sociais, que ajuda os pobres, idosos e pessoas
mentalmente incapacitadas.
Muitas pessoas conheciam o Jesuíta espanhol pelo
seu nome chinês “Luk Ngai”, ou ainda, simplesmente “Pai dos Pobres”, pelo seu trabalho
“com os mais pobres entre os pobres”. “Ele foi um padre devoto e uma figura ‘maior
que a vida’”, disse Pe. Luís Siqueira, que recentemente está à frente dos Jesuítas
em Macau. “Ele deu tudo que tinha para os pobres e para quem sofria. Ele não tinha
nenhum resquício de egoísmo e demonstrou isso em toda sua obra”, acrescentou Pe. Siqueira
em entrevista ao jornal “Macau Daily Times”.
Pe. Ruiz saiu da Espanha e chegou
na China em 1941. Estudou Mandarim em Pequim e Filosofia em Shangai e foi ordenado
no condado de Xian, na província de Hebei. Depois da fundação da República Popular
da China, em 1949, Pe. Ruiz foi enviado a Hong Kong e logo depois a Macau, onde chegou
em 1951.
A Segunda Guerra Mundial havia terminado poucos anos antes e a população
de Macau passava por grandes dificuldades já que o território fora tomado por refugiados
de regiões vizinhas. Ao chegar em Macau, Pe. Ruiz começou imediatamente a servir aos
pobres, a maioria refugiados. Ele abriu as portas da Residência Jesuíta (Casa Ricci)
e deu início ao Centro Ricci para Serviços Sociais, hoje o braço da Caritas em Macau.
Ali,
ajudou os refugiados a obterem documentos, encontrarem trabalho e mandarem seus filhos
à escola. “Uma prioridade urgente”, como Pe. Ruiz costumava dizer, porque isso poderia
permitir um futuro brilhante para essas crianças.
“Ele fundou instituições
para ajuda às pessoas necessitadas. De fato, ele estabeleceu diversas delas que ainda
hoje funcionam, não apenas em Macau, mas também na continente chinês”, disse Pe. Siqueira.
“Quando
Pe. Ruiz chegou em Macau não era fácil estabelecer este tipo de centro, mas ele conseguiu
e arcou com todas as responsabilidades”, disse o secretário-geral da Caritas de Macau,
Paul Chi Meng.
Quando os refugiados começaram gradualmente a deixar Macau,
Pe. Ruiz voltou sua atenção aos bolsões de pobreza e aos idosos abandonados. Para
isso, criou o primeiro asilo que, logo depois, também passou a receber pessoas mentalmente
incapacitadas.
No continente chinês, Pe. Ruiz ajudou a criar centros para doentes
de hanseníase em áreas isoladas, que prestavam serviços básicos e assistência. Trabalho
que se repetiu com os soropositivos.
Ele costumava dizer que o seu trabalho
era servir os mais pobres entre os pobres, aqueles que se encontravam em situações
de grande necessidade. “Por mais assustadores que fossem os problemas, ele sempre
encontrava soluções. Ele nos recordava constantemente que nada nos faz tão feliz quanto
fazer as pessoas felizes”, lembrou o secretário-geral da Caritas em Macau.
Essa
era uma de suas frases favoritas: “Ele queria sempre fazer tudo com um sorriso no
rosto”, destacou por fim Pe. Siqueira. (RB)